Um dos males do século 21: receber o dia inteiro notificações no celular de grupos do WhatsApp, com mensagens da família ou dos amigos que parecem não fazer outra coisa da vida. Ouvir o celular apitando o tempo todo pode ser irritante pra muitos, mas há quem tenha visto nisso um nicho de negócio.
Aproveitando a popularidade do aplicativo de mensagens no país, startups e profissionais autônomos estão se especializando em trabalhar como curadores de conteúdo para WhatsApp. A intenção é transformar o app em um canal de divulgação de notícias, vídeos e fotos, encaminhando essas informações para usuários específicos, reunidos em grupos.
Ao mesmo tempo, os grupos permitem que pessoas com interesse em comum se conheçam e aproveitem para conversar pelo aplicativo (que, afinal, é uma ferramenta de troca de mensagens). Obviamente, não se trata de trabalho voluntário: a assinatura é paga e aí reside o modelo de negócio das empresas.
É o caso do CineWhats,serviço de curadoria voltado para usuários interessados em filmes e séries, que está sendo lançado neste mês por desenvolvedores catarinenses. Quem assinar o serviço e entrar em um grupo passará a receber diariamente pelo WhatsApp novidades sobre próximos lançamentos, trailers, curiosidades sobre artistas e cartazes.
Onipresente
Não é à toa que haja cada vez mais interessados em tentar ganhar dinheiro com o WhatsApp no Brasil.
Estudo do Ericsson divulgado no fim do ano passada mostrou que o app de mensagens é o aplicativo mais utilizado pelos usuários de smartphones no Brasil, à frente do navegador Chrome, YouTube, Facebook e Gmail.
Em fevereiro, o WhatsApp anunciou ter chegado à marca de 1 bilhão de usuários no mundo todo.
Os desenvolvedores estão neste momento cadastrando os interessados – aqueles que fizerem o pré-cadastro até 25 de março ganham 30 dias de assinatura grátis. O valor final da mensalidade ainda está sendo definido, com base em pesquisas feitas com os usuários cadastrados e feedbacks da comunidade.
“Imaginamos algo em torno de R$ 9,90, mas ainda estamos fazendo uma pesquisa. Já ficou claro que os usuários estão dispostos a pagar, pela comodidade que o serviço oferece. Da mesma forma que você assina uma revista, pode assinar o nosso grupo. A diferença é a maneira como entregamos esse conteúdo”, afirma Cristiano Tis, um dos criadores do serviço, que começou a ser planejado há cerca de três meses.
Foram criados 12 grupos, distribuídos em gêneros (como ação, suspense, romance e comédias) e filmes específicos, dedicados às adaptações de quadrinhos Deadpool e Esquadrão Suicida. Todos os grupos têm capacidade máxima de 250 participantes e são recomendados para usuários com mais de 16 anos.
“Estamos tendo bons feedbacks. No início, nem a gente acreditava que podia dar certo. As pessoas não estão conseguindo acompanhar essa quantidade enorme de informação disponível na internet. Se vem alguém e organiza tudo isso e entrega pronto pra ela, você oferece comodidade, que é algo que vale ouro hoje”, afirma Tis, morador de Camboriú.
“Submundo do ZapZap”
O curioso mundo da curadoria de conteúdo no WhatsApp ganhou os holofotes no fim de janeiro, por meio de um artigo do publicitário Eden Wiedemann publicado no portal youPIX, que viralizou nas redes sociais.
No texto, Wiedemann conta a história de um “curador” de Brasília, conhecido como “Galego”, que administra mais de 500 grupos de WhatsApp, por onde circulam tanto clipes de música sertaneja quanto informações sobre o trânsito e piadas. Para entrar nos grupos, é preciso pagar R$ 10 por mês. O negócio descoberto por Wiedemann é totalmente informal e a contratação do serviço se dá pelo próprio aplicativo de mensagens.
Em uma pesquisa rápida na internet, também é fácil encontrar sites criados especificamente para divulgar grupos de WhatsApp e para oferecer conteúdo que pode ser compartilhado por meio do app e de redes sociais, como montagens com mensagens otimistas (quem participa de um grupo da família sabe bem do que se trata), memes e vídeos – o portal Meu ZapZap é um exemplo.
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