Grão antilagarta - Empresa prevê ganho de produtividade
A pesquisa da Monsanto no Brasil é para um material que iniba a lagarta da soja (Anticarsia gemmatalis), praga que ataca predominantemente as lavouras do Brasil e Argentina e que, segundo a empresa, provoca prejuízos de US$ 300 milhões ao ano aos produtores brasileiros. A nova soja deve manter, no entanto, os benefícios da RR, que é resistente ao glifosato e facilita o controle de ervas daninhas. Essa combinação, segundo André Franco, gerente de soja, irá resultar em maior produtividade. Com base em experiências nos Estados Unidos, Franco diz que é possível ter um ganho de 7% a 11%.
A Monsanto estima que a soja transgênica RR deve ocupar 60% dos quase 4 milhões de hectares que serão destinados ao grão na safra 2007/08 no Paraná. No início da semana, o governo do estado admitiu que os transgênicos ocuparão 40% da área. Na safra passada, porém, o número apurado pelo projeto Rumos da Safra, da Gazeta do Povo, já apontava para uma cobertura de 47% com grãos geneticamente modificados.
A norte-americana Monsanto é a única empresa que detém autorização para vender a tecnologia de grãos geneticamente modificados no Brasil, com autorização comercial para a soja RR e o algodão Bollgard. Neste ano a CTNBio aprovou duas variedades de milho transgênico, um da Monsanto e outro da Bayer, que ainda aguardam o aval do Conselho Nacional de Biossegurança (CNB). (GF)
A Monsanto anunciou ontem que vai retomar as pesquisas com transgênicos no Paraná. Nos próximos cinco anos, a multinacional pretende investir US$ 28 milhões no desenvolvimento de uma nova tecnologia aplicada à soja, que combina a resistência a insetos e a tolerância ao herbicida glifosafo. Os recursos serão aplicados na abertura de três novas estações de pesquisa, no Paraná, Tocantins e Rio Grande Sul, e na melhoria das unidades de Sorriso (MT) e Morrinhos (GO).
A empresa de biotecnologia e insumos agrícolas suspendeu as pesquisas com materiais geneticamente modificados no Paraná em 2003. No início daquele ano, uma estação mantida pela Monsanto em uma área arrendada no município de Ponta Grossa foi invadida e os campos experimentais destruídos por integrantes do Movimento dos Trabalhores Rurais Sem-Terra (MST).
No mesmo ano foram encerrados os trabalhos com transgênicos na unidade de Rolândia (Norte do Paraná), hoje usada para pesquisa de melhoramento genético de milho (convencional) e como centro de treinamento. A multinacional ainda mantém estrutura em Andirá, também na região Norte do estado, utilizada como central logística de armazenamento e distribuição de sementes. A nova estação de pesquisa ainda não tem local definido e depende de análise que está sendo feita pela companhia.
André Franco, gerente de negócios da soja da Monsanto no Brasil, explica que a confiança num ambiente mais favorável à tecnologia dos transgênicos no país foi determinante para o investimento: "Frente a um cenário regulatório mais positivo, resolvemos voltar a investir." Franco reconhece que apostar no Paraná ainda é um risco, mas ele diz acreditar num apoio maior, em especial pela necessidade do produtor por novas tecnologias. "Estar no Paraná é assegurar ao agricultor variedades adaptadas à região; não estar é deixar o estado à margem da tecnologia."
Com foco exclusivo nos países da América do Sul, a tecnologia é a primeira a ser desenvolvida pela empresa para mercados externos aos Estados Unidos e será inédita no mundo. O diferencial está na soma do composto RR (tolerante ao herbicida) ao Bt (a insetos) em grãos de soja.
O executivo não antecipou quando os trabalhos começam no Paraná, mas garantiu que as pesquisas com os novos materiais têm início em 2008 nas estações de Mato Grosso e Goiás. A estimativa de André Franco é que a nova variedade de soja esteja disponível para utilização pelo produtor no prazo de 4 a 5 anos. A liberação para pesquisa depende de autorização da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio).
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