A construção de dois grandes investimentos industriais na região dos Campos Gerais ainda não começou, mas deve aquecer o setor de construção civil. A fábrica de celulose da Klabin, em Ortigueira, e de bebidas da AmBev, em Ponta Grossa, devem gerar juntas até 9,5 mil vagas nas obras. Como salário inicial de um servente de pedreiro hoje é de cerca de R$ 1,2 mil, as novas vagas vão acrescentar, no mínimo, R$ 11,4 milhões mensais à economia do interior do estado.
Tanto Klabin quanto AmBev já definiram os terrenos para as plantas industriais. A fábrica de celulose da Klabin está orçada em R$ 6,8 bilhões e é o segundo maior investimento privado no Paraná desde a ampliação da Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), em Araucária, que gerou 30 mil postos de trabalho nas obras.
Quando o investimento foi anunciado, a Klabin confirmou a geração de 8,5 mil empregos na fase de construção da unidade e mais 1,4 mil na linha de produção. A Klabin não prestou informações sobre o atual processo de construção da fábrica porque está em período de silêncio intervalo que antecede a divulgação dos resultados financeiros da companhia. A prefeitura de Ortigueira foi procurada, mas também não deu informações.
A AmBev deve gerar mil postos de trabalho na construção da fábrica de Ponta Grossa, que deve começar a produzir em dezembro de 2014. A nova fábrica terá investimentos de R$ 580 milhões e será responsável pela produção de 700 milhões de litros de bebida por ano. Após a conclusão, a fábrica deve gerar 500 empregos diretos.
Conforme o gerente da Agência do Trabalhador em Ponta Grossa, Victor Hugo de Oliveira, a AmBev ainda não procurou a instituição para a busca de trabalhadores. "Mas a movimentação é grande, todos nos perguntam quando vai começar a seleção", afirma. Ele acredita que haverá mão de obra disponível devido ao perfil dos pretendentes às vagas da agência.
Para o vice-presidente de Política e Relações do Trabalho do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon) no Paraná, Armando Bosco Martins Ribeiro, a demanda será atendida pelos trabalhadores formados pelo setor durante o boom imobiliário dos últimos quatro anos. "Com as parcerias que fizemos com o Senai e o Sesi conseguimos atuar em duas etapas: na formação do profissional e na atração de novos profissionais para a construção civil", aponta.
Durante a ampliação da Repar foram empregados 30 mil trabalhadores, sendo parte de outros estados. "Para a indústria da construção civil muitas vezes não compensa trazer trabalhadores de fora por causa dos custos de estadia", explica Martins Ribeiro.