Produção
Daf treina profissionais para fábrica e rede de concessionárias
A fábrica de caminhões Paccar/Daf deve começar em outubro a produção de caminhões em escala comercial. Os primeiros testes estão sendo feitos na unidade, cujas obras físicas já estão concluídas em Ponta Grossa, nos Campos Gerais. A seleção e o treinamento do setor operacional ocorreram em parceria com a unidade local do Senai.
A diretora de Recursos Humanos da Daf, Jeanette Costa Jacinto, informou que foram recebidos 1 mil currículos para o cargo de operador de montagem e 600 para líderes de produção. Desses, 15 operadores já passaram por treinamento no Senai e 11 líderes de produção foram treinados em fábricas da Holanda, Bélgica e Inglaterra.
Um deles é o instrutor de treinamentos e serviços Adilson Eleutério, que comanda a capacitação da equipe de mecânicos que trabalhará nas cerca de 20 concessionárias dos caminhões da marca. "Fiquei 35 dias em treinamento nas fábricas da Holanda e da Alemanha", aponta.
O treinamento dos mecânicos que atuarão nas concessionárias acontece na unidade da Daf no bairro de Nova Rússia, em Ponta Grossa. Um dos alunos é Maurício Bastos Silva Filho, que veio de Ananindeua, no Pará, a 3.057 quilômetros de Ponta Grossa, para o curso de duas semanas. "Estou gostando. É importante porque a mecânica da Daf tem algumas peculiaridades", diz.
O processo de seleção é coordenado por uma recrutadora da Daf e a inscrição de currículos é feita pelo site da empresa no Brasil. Como a empresa tem a Paccar, que é norte-americana, como acionista, para todas as funções é necessário o idioma inglês. "Ainda não é da nossa cultura a formação do profissional de nível técnico em segunda língua, e essa foi a grande dificuldade", explica a coordenadora técnica de Negócios em Educação do Senai em Ponta Grossa, Marli Valença. A fábrica recebeu investimentos de US$ 320 milhões. A planta tem capacidade para produzir 10 mil unidades por ano e vai empregar 150 funcionários na fase inicial de produção.
A construção de dois grandes investimentos industriais na região dos Campos Gerais ainda não começou, mas deve aquecer o setor de construção civil. A fábrica de celulose da Klabin, em Ortigueira, e de bebidas da AmBev, em Ponta Grossa, devem gerar juntas até 9,5 mil vagas nas obras. Como salário inicial de um servente de pedreiro hoje é de cerca de R$ 1,2 mil, as novas vagas vão acrescentar, no mínimo, R$ 11,4 milhões mensais à economia do interior do estado.
Tanto Klabin quanto AmBev já definiram os terrenos para as plantas industriais. A fábrica de celulose da Klabin está orçada em R$ 6,8 bilhões e é o segundo maior investimento privado no Paraná desde a ampliação da Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), em Araucária, que gerou 30 mil postos de trabalho nas obras.
Quando o investimento foi anunciado, a Klabin confirmou a geração de 8,5 mil empregos na fase de construção da unidade e mais 1,4 mil na linha de produção. A Klabin não prestou informações sobre o atual processo de construção da fábrica porque está em período de silêncio intervalo que antecede a divulgação dos resultados financeiros da companhia. A prefeitura de Ortigueira foi procurada, mas também não deu informações.
A AmBev deve gerar mil postos de trabalho na construção da fábrica de Ponta Grossa, que deve começar a produzir em dezembro de 2014. A nova fábrica terá investimentos de R$ 580 milhões e será responsável pela produção de 700 milhões de litros de bebida por ano. Após a conclusão, a fábrica deve gerar 500 empregos diretos.
Conforme o gerente da Agência do Trabalhador em Ponta Grossa, Victor Hugo de Oliveira, a AmBev ainda não procurou a instituição para a busca de trabalhadores. "Mas a movimentação é grande, todos nos perguntam quando vai começar a seleção", afirma. Ele acredita que haverá mão de obra disponível devido ao perfil dos pretendentes às vagas da agência.
Para o vice-presidente de Política e Relações do Trabalho do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon) no Paraná, Armando Bosco Martins Ribeiro, a demanda será atendida pelos trabalhadores formados pelo setor durante o boom imobiliário dos últimos quatro anos. "Com as parcerias que fizemos com o Senai e o Sesi conseguimos atuar em duas etapas: na formação do profissional e na atração de novos profissionais para a construção civil", aponta.
Durante a ampliação da Repar foram empregados 30 mil trabalhadores, sendo parte de outros estados. "Para a indústria da construção civil muitas vezes não compensa trazer trabalhadores de fora por causa dos custos de estadia", explica Martins Ribeiro.
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