Em um cenário de desaceleração e resultados desanimadores para os mais variados setores, empresários e entidades veem crescer o interesse –e a necessidade – por iniciativas para desburocratizar processos, melhorar a produtividade e conquistar novos mercados. No Paraná, novas plataformas e players têm transformado o ecossistema de inovação e contribuído para gerar um ambiente fértil para o surgimento de startups e a reinvenção de empresas “tradicionais”, tanto em Curitiba quanto no interior do estado.
Uma das iniciativas mais recentes foi a instalação, semana passada, de um novo Centro de Inovação da Microsoft em Curitiba, que funcionará em parceria com a PUCPR e o estúdio de games Signum – o primeiro espaço surgiu em outubro de 2013, com o Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar). No Brasil, a gigante de tecnologia tem 13 centros em funcionamento e, além de Curitiba, apenas Recife, no Pernambuco, possui mais de um.
Para o diretor de inovação e novas tecnologias da Microsoft Brasil, Richard Chaves, a escolha não foi à toa. “Percebemos todo um ecossistema entrando em ebulição em Curitiba e região, com um movimento empreendedor forte. Curitiba, ao nosso ver, tem à mão todos os elementos para se tornar um polo de tecnologia e ser um celeiro de startups, como aconteceu com Recife”, cita. A intenção do Centro de Inovação é oferecer cursos gratuitos de capacitação e sediar eventos de tecnologia, além de servir de ponte entre empresas e profissionais da área.
Em outra frente, institutos locais têm firmado parcerias com órgãos federais e estaduais para desenvolver ações voltadas à inovação, tanto com ajuda financeira quanto por meio de mentorias. O Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento (Lactec) fechou um contrato de pesquisa e desenvolvimento (P&D) com a Embrapii no início deste ano para um projeto de eletrônica embarcada que envolve caminhões da Volvo que atuam na área agrícola. Ao mesmo tempo, a Fomento Paraná e a Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação (Assespro-Paraná) preveem tornar disponível até o fim do ano a contratação de R$ 10 milhões em financiamentos para projetos voltados à inovação e ao desenvolvimento tecnológico no estado.
Outro programa coordenado pelo Tecpar, que atendeu 600 empresas de 96 cidades paranaenses, chegou à fase de encerramento neste mês já com uma fila de espera. A Rede de Extensão Tecnológica, projeto proposto em nível nacional pelo governo federal, atendeu micro, pequenas e médias empresas com foco na melhoria de processos, produtos e serviços por meio da inovação – não necessariamente envolvendo a implantação de novas tecnologias. A empresa de produtos naturais Yerbalatina, de Colombo, recebeu apoio para qualificar seus alimentos em padrões internacionais e conseguiu autorização para entrar no mercado dos Estados Unidos – o que fez a empresa incluir nos planos deste ano o aumento de seu parque fabril, hoje instalado em uma área construída de 2,5 mil metros quadrados.
“As empresas paranaenses têm intenção de inovar, não necessariamente de forma disruptiva, mas em relação a produtos ou processos. Há uma disposição dos empresários, desde que eles sejam levados a acreditar que isso dará resultados”, afirma a gerente do Tecpar e coordenadora da Rede de Extensão, Ana Cristina Francisco. A intenção é abrir uma nova rodada de atendimentos no ano que vem.