Ainda que os serviços tecnológicos não acrescentem muito ao faturamento das funerárias, eles se mostram úteis – e necessários – para a criação de diferenciais entre as empresas do setor, como explica o presidente da Associação Brasileira de Empresas e Diretores do Setor Funerário (Abredif), Lourival Panhozzi. "O que cria o diferencial é gente, é atendimento, ainda mais em um segmento com preço tarifado como é o nosso. Quem tem a tecnologia a seu serviço melhora a qualidade do atendimento e se diferencia do concorrente."

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Panhozzi também opina que muito das inovações que surgem nas funerárias do país tem a ver com o novo comportamento das firmas do setor. "A funerária deixou de ser aquela empresa que tinha medo de aparecer, de oferecer seu serviço, de mostrar seu produto. A verdade é que não estamos vendendo morte; estamos vendendo assistência."

Tatiana Rocha, do Grupo Vila, segue raciocínio semelhante e afirma que os novos serviços mostram o cuidado que a empresa tem pelas pessoas. "Depois que a gente vê o agradecimento dos clientes, a gente se pergunta: como é que não tínhamos feito isso antes? Isso é humanizar, é cuidar das pessoas, é aproximar quem estava distante. E isso é importantíssimo."

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Tatiana lembra que a reação dos clientes aos serviços inovadores não costuma ser negativa. "Na grande maioria das vezes, a gente não vê desaprovação. Há quem rejeite alguns serviços, mas por seu sentimento de luto, por uma incompatibilidade pessoal. Não existe alguém que diga que é um absurdo."

Já a Funerária Vaticano, de Curitiba, teve de enfrentar reações adversas. "Nós temos um vídeo no YouTube em que mostramos nossos serviços, e algumas pessoas fazem comentários dizendo que a gente está se utilizando da morte para vender um show", conta Mylena. "A gente provoca, de fato, as emoções das pessoas, porque, se elas não têm esse momento de sentir a dor da morte, elas podem carregar isso de uma forma amarga para o resto da vida", justifica.

A funerária paranaense aposta tanto no seu atual modelo de negócios que está incluindo outras inovações, como o serviço de transmissão de mensagens por bluetooth – quem entrar na capela e tiver um aparelho com a função vai receber mensagens de condolências, além de informações sobre os horários de sepultamento e o local para compra de coroas de flores – e a venda de funerais pela internet.

"Tem gente que não gosta de ir à funerária; fora as pessoas que gostam de manter sigilo quando compram um plano funeral, por exemplo." Mylena esclarece que os serviços diferenciados pouco incrementam o faturamento da empresa, mas servem para conquistar o público das classes A e B. "São serviços de maior qualidade, que ajudam no momento de luto." (EHC)

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