“Nosso foco é aproveitar o crescimento da classe média e o aumento da sua participação no mercado imobiliário.” Jayme Canet, diretor financeiro da Canet Júnior Desenvolvimento Imobiliário| Foto: Jonathan Campos/ Gazeta do Povo

Classe C puxa recorde de financiamentos

A principal demanda para o financiamento da casa própria no primeiro trimestre veio da classe média, que respondeu por cerca de R$ 10 bilhões dos R$ 17 bilhões concedidos pela Cai­­xa Econômica Federal no período em todo o Brasil. O vo­­lu­­me, recorde, é mais que o do­­bro do que os R$ 8 bilhões do mesmo período do ano passado. O restante se dividiu entre a baixa renda e os recursos destinados ao Minha Casa, Minha Vida – programa do governo federal de estímulo à habitação.

Crédito fácil

Estima-se que os financiamentos rompam a marca de R$ 60 bilhões em 2010. Para as em­­presas do setor, a classe média vai continuar a puxar o mercado, embalada pelo crédito e pelo crescimento da economia, diz o presidente da Asso­ciação dos Dirigentes do Mer­cado Imobiliário (Ademi) no Paraná, Gustavo Selig. A previsão é que nos próximos quatro anos esse segmento de mercado continue aquecido, com o au­­mento dos lançamentos para essa faixa de renda. Em 2010, o mercado imobiliário de Curitiba deve lançar ao todo 18 mil unidades para diversas classes, en­­tre 15% e 18% acima do número de 2009. (CR)

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Origem

No passado, área abrigou fazenda de gado

No passado, o terreno do Neoville foi usado como fazenda de gado da própria família Canet. Nos últimos 30 anos, o espaço permaneceu intocado no meio da Cidade Industrial de Curitiba (CIC), o bairro mais populoso da cidade e conhecido por abrigar a primeira fase de industrialização da capital, na década de 1970. A CIC congrega 5,7 mil empresas e uma população de 174,3 mil habitantes. Se fosse um município, seria o nono maior do estado. Sozinha, essa região representa 10% da área de Curitiba.

Violência

Nos últimos anos, a violência vem aumentando na região, mas os empreendedores do Neoville dizem que estão sendo feitos investimentos em segurança, com a terceirização de serviços de monitoração, e a implantação do posto da Guarda Municipal no Parque do Trabalhador, que limita o bairro. A área pertence à CIC, mas está localizada na integração com os bairros Fazendinha, Campo Comprido, Novo Mundo, Pinheirinho e Capão Raso. (CR)

Foto aérea da região do Neoville: primeiro grande empreendimento imobiliário, com 576 apartamentos e 12 torres de seis andares cada, será lançado até o fim deste mês
Veja como será o novo bairro
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Uma área de 1 milhão de metros quadrados na Cidade Industrial de Curitiba (CIC) começa a se tornar um novo eixo de exploração imobiliária da capital, a exemplo do que ocorreu com o Ecoville e o Bairro Novo, na década de 1990. O terreno, que pertence à família do ex-governador Jayme Canet Júnior, está sendo transformado no Neoville, novo "bairro", que deverá abrigar uma população de 15 mil a 20 mil pessoas – o equivalente ao número de moradores do Alto da Glória. Estima-se no mercado que a área possa gerar uma incorporação imobiliária entre R$ 1,3 bilhão e R$ 1,5 bilhão dentro de dez anos.

"Trata-se de uma das últimas áreas disponíveis para exploração imobiliária na região sul da cidade", diz o diretor financeiro da empresa, Jayme Canet, neto do ex-governador e diretor financeiro da Canet Júnior Desenvolvimento Imobiliário S.A., dona do terreno. Planejado e desenvolvido em parceria com a prefeitura de Curitiba nos últimos três anos, o Neoville será voltado principalmente para a classe média – famílias com renda média de R$ 3.750, mas que em alguns casos chega a R$ 7 mil – e terá casas, sobrados, condomínios horizontais fechados e prédios de quatro a oito pavimentos, comércio e pequenas indústrias. "O nosso foco é aproveitar o crescimento da classe média e o aumento da sua participação no mercado imobiliário. Há muita gente desta faixa de renda que ainda não comprou seu imóvel."

O terreno, unido pela rua Pedro Gusso à Avenida das Indústrias, pertence à família Canet há mais de 60 anos – antes mesmo de Jayme Canet Júnior ser nomeado governador, em 1975, pelo então presidente Ernesto Geisel. Há alguns anos, a área chegou a ser alvo de propostas de compra por parte de grandes indústrias, mas a família recusou as ofertas. "No início dos anos 2000 já se vislumbrava o crescimento do mercado e a possibilidade de investir na incorporação imobiliária naquele local", lembra Canet.

De acordo com o consultor do Sindicato da Indústria da Construção (Sinduscon) no Paraná, Marcos Kahtalian, grandes incorporadoras em todo o país vem adotando esse modelo para desenvolver áreas até então inexploradas. "O interessante é que como ela vem acompanhada de infraestrutura e serviços, há uma forte valorização da região. Foi o que ocorreu com o Ecoville, por exemplo." Os preços dos metro quadrado no Neoville já se distanciam da média da CIC – no novo bairro, é possível encontrar preços que variam de R$ 350 a R$ 400 (terrenos avulsos) até R$ 2,9 mil para a área privativa de apartamentos.

Loteamento

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Os trabalhos de prospecção de mercado do Neoville se intensificaram nos últimos três anos, que incluíram a formatação do perfil do loteamento, a elaboração do projeto e o início das obras de infraestrutura, como arruamento, serviços de água, esgoto, drenagem, iluminação e sinalização, que absorveram, até agora, R$ 10 milhões do grupo empreendedor. Nesse caso, toda a infraestrutura é bancada pelo grupo dono da área dentro das normas impostas pela prefeitura. "Cerca de 60% das obras de infraestrutura estão prontas", diz Canet. A ideia é atrair também a instalação de supermercados, escolas e pequenos shoppings centers. O bairro tem uma área verde significativa: são 238 mil metros quadrados do bosque do trabalhador e 59 mil de um parque linear. A área líquida de terrenos é de 609 mil metros quadrados – desse toral, 123 mil metros quadrados (cerca de 20%) já foram lançados. Cerca de 50 famílias moram hoje na região.

Espanha

Além da venda de lotes avulsos, a empresa fez a incorporação de quatro empreendimentos – todos com nomes espanhóis, em homenagem à origem da família Canet, que veio da Catalunha. No fim do mês, o grupo lança o primeiro empreendimento de apartamentos do bairro, o Barcelona Neoville, com 576 unidades, com 12 torres de seis andares cada. O empreendimento, que teve o pré-lançamento no último feirão da Caixa Econômica Federal, é fruto de uma parceria da Canet (70%) com a Thá (30%) e tem valor geral de venda (VGV) de R$ 100 milhões.

Segundo Ricardo Bindo, supervisor de planejamento Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (IPPUC), a área do Neoville é o último grande vazio imobiliário da região sul da cidade e o primeiro, em muitos anos, voltado para a classe média.

De acordo com Bindo, Curitiba vive um cenário de escassez de áreas, o que deve favorecer, nos próximos anos, a substituição de casas por prédios de apartamentos em alguns bairros. O IPPUC também vem preparando estudos para viabilizar a exploração imobiliária do Umbará, localizado na região sul, com mudanças na lei de zoneamento. "A região tem grande quantidade de área verde, o que é um complicador. Mas estudos revelam que é possível aproveitar para habitação cerca de 50% da área." A região é dominada hoje por pequenos proprietários. Bindo afirma que a intenção é incentivar a instalação de empreendimentos voltados para diferentes classes sociais no local.

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