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Campos Neto afirmou que seu sucessor deve saber “dizer não” ao governo e ao Congresso.
Campos Neto afirmou que seu sucessor deve saber “dizer não” ao governo e ao Congresso.| Foto: Pedro França/Agência Senado.

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que seu sucessor deve saber "dizer não" ao governo e ao Congresso. Indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o chefe da autarquia monetária cumpre os últimos meses de seu mandato. Campos Neto é alvo constante de críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

"Há muitos ruídos de curto prazo: de economia, político. O mais importante é saber dizer não. Vão vir várias ideias e propostas que não são nem do interesse da sociedade e nem do Banco Central. Às vezes, é preciso dizer não para o Executivo. Às vezes, para o Legislativo", disse Campos Neto em entrevista ao Estadão/Broadcast divulgada nesta sexta-feira (17).

"Que tenha a firmeza de dizer não, que tenha a capacidade de explicar a opinião e que passe transparência ao longo do tempo. Mas a capacidade de dizer não é crucial", acrescentou.

O presidente do BC defendeu que a indicação de seu sucessor deve ser feita entre setembro e outubro. O indicado por Lula precisa ser sabatinado e aprovado pelo Senado. Campos Neto disse ter "plena confiança" de que o BC seguirá atuando de forma técnica.

Campos Neto diz que decisão sobre Selic foi técnica

No último dia 8, o Comitê de Política Monetária (Copom) desacelerou o ritmo de corte da taxa básica de juros da economia, a Selic. A decisão dividiu o colegiado entre os diretores indicados por Lula e Bolsonaro. A Selic recuou 0,25 ponto percentual e foi fixada a 10,50% ao ano.

Desde agosto do ano passado, o patamar de corte era 0,5 ponto percentual. Campos Neto reforçou que a decisão foi técnica e que "era importante" cada diretor "seguir com a sua opinião".

Questionado se poderia ter informado ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sobre a alteração, Campos Neto ressaltou que não fez isso no governo Bolsonaro e não faria agora.

“Já teve muitas mudanças de guidance - estou aqui há seis anos - e em nenhum momento passou pela minha cabeça ligar para o ministro Paulo Guedes para falar que eu achava que o guidance ia mudar para A, B ou C. É uma prerrogativa do Banco Central, que tem autonomia. Nunca fiz isso no governo anterior e com certeza não planejo fazer neste”, disse ao Estadão.

Sobre eventuais críticas de Lula, caso o BC decida interromper os cortes na Selic, Campos Neto disse que a instituição "vai fazer o que achar certo" e tudo será explicado. "A decisão é tomada com as informações que temos no dia. Estou acostumado a críticas e não influenciam em nada minha decisão", afirmou.

"Não me vejo candidato a nada", diz presidente do BC

O presidente do BC disse ainda não saber o que fará após deixar o cargo, mas negou que pretenda se candidatar a um cargo eletivo. Ele deverá cumprir uma quarentena de seis meses antes de assumir qualquer função, o período é obrigatório para quem deixa cargos na cúpula do BC.

"Não me vejo candidato a nada. Tenho uma relação muito próxima com Tarcísio [de Freitas, governador de São Paulo]. Talvez uma das pessoas do governo [passado] que, no final, a gente tenha ficado muito próximo. Tenho grande admiração pelo trabalho dele. Mas hoje meu projeto é sair da vida pública e aceitar algum tipo de desafio de mistura de tecnologia e finanças, que é o que eu sei fazer", disse.

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