O sistema financeiro mundial deve ser reformado com mecanismos de solução frente à crise da dívida, afirmou nesta quarta-feira o designado ministro argentino de Economia, Hernán Lorenzino.

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"Está faltando no mundo um mecanismo de resolução de crise da dívida que atribua custos entre os diversos participantes em cada uma das reestruturações", afirmou em um seminário organizado pelo Banco Mundial em Buenos Aires para analisar o fenômeno que afeta a Grécia e outras nações.

Lorenzino (39 anos), que assumirá suas funções no sábado ao iniciar o segundo mandato da presidente Cristina Kirchner, disse que o governo quer "colocar sobre a mesa um tema que é absolutamente relevante antes de acreditamos ser uma reforma insuficiente do sistema financeiro internacional".

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"O objetivo que a Argentina se propôs é o de instalar o tema da reestruturação da dívida soberana e na ausência de mecanismos para esse fim, na agenda mundial", afirmou Lorenzino.

O funcionário que substituirá Amado Boudou no cargo, vice-presidente eleito em 23 de outubro passado na coalizão com Kirchner, ocupa agora a secretaria de Finanças e teve em suas mãos a negociação pela dívida com o Clube de Paris, calculada entre 6 bilhões e 8 bilhões de dólares.

Participa do seminário o americano Joseph Stiglitz, prêmio Nobel de Economia em 2001, que disse na noite de terça-feira que as políticas de ajuste estão longe de resolver a crise enfrentada por Estado Unidos e Europa.

"O ajuste nos EUA e na Europa não resolverá a crise econômica. O déficit fiscal não foi a origem da crise, mas foi a crise que gerou o déficit fiscal", afirmou Stiglitz, um ex-vice-presidente do Banco Mundial e crítico da ausência de regulações ao capital financeiro internacional.

Quase 10 anos depois da pior crise econômica da história argentina, Lorenzino reconheceu que foi "desastroso" o "default" declarado pela nação sul-americana em 24 de dezembro de 2001.

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Aquela moratória sobre quase 100 bilhões de dólares, a maior da História, foi declarado pelo presidente Adolfo Rodríguez Saá, um dos quatro presidentes designados em menos de 10 dias após a queda de Fernando de la Rúa (1999-2001).

"A Argentina tentou e conseguiu combater as consequências desse desastroso e calamitoso 'default'. Primeiro, com a reestruturação da dívida interna, e depois a externa. Hoje a situação é absolutamente diferente", afirmou.

Entre os governos de Néstor Kirchner (2003-2007) e sua mulher, Cristina Kirchner, a Argentina reestruturou quase 95% daquela dívida em 'default' e apenas ficaram de fora do acordo grupos que litigam judicialmente, entre os quais estão os chamados 'fundos abutres'.

Stiglitz disse a esse respeito que "a Argentina pode guiar a reestruturação da dívida de outros países. Existe vídia depois da dívida. Perguntem aqui, onde há dez anos havia uma crise".

Lorenzino herdará uma economia que cresce a um ritmo de 8% anual desde 2003, com exceção do magro 0,9% de 2009 por conta da crise internacional, apesar de os analistas esperarem para 2012 um impacto negativo pelas novas turbulências.

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