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O novo ministro de Hidrocarbonetos da Bolívia, Carlos Villegas, disse neste sábado que continuará com o processo de nacionalização do setor petrolífero e que respeitará o cronograma que diz que as empresas que operam o país têm até o início de outubro para renegociar seus contratos. Segundo a Agência Boliviana de Informações (ABI), os contratos deverão entrar em vigor a partir de 1º de novembro. As negociações, que deveriam prosseguir neste sábado, foram suspensas e deverão ser retomadas na segunda-feira.

Na mesma solenidade em que Villegas assumiu o cargo, também tomou posse o novo ministro do Planejamento, Hernando Larrazabal. Carlos Villegas, ex-ministro do Planejamento e Desenvolvimento, substituiu Andrés Soliz Rada, que pediu demissão na quinta-feira, após o governo ter suspendido a aplicação de uma resolução que regulamentava o controle pleno do Estado sobre o refino e o comércio interno e externo de hidrocarbonetos, o que provocou um forte choque com a Petrobras.

- Haverá continuidade no processo de nacionalização, primeiro devemos estabelecer acordos sobre os novos contratos. Para isso, se respeitará o cronograma da rodada de negociações com as petrolíferas até 9 de outubro - disse Carlos Villegas no sábado, pouco antes de assumir o controle do setor de energia.

Em Aracaju, onde esteve neste sábado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que não responderá com bravatas à decisão do governo boliviano de assumir o refino de petróleo no país , reagindo a acusações de seus adversários que o responsabilizaram pelos prejuízos à Petrobras naquele país. Lula afirmou que o Brasil tem interesse de continuar fazendo negócios com a Bolívia, mas cobrou o cumprimento dos marcos regulatórios e dos contratos. Em entrevista à TV Cultura na sexta-feira, Geraldo Alckmin afirmou que o governo brasileiro tem sido fraco e submisso nas respostas ao impasse Bolívia x Petrobras.

Cronograma

O decreto promulgado em maio pelo presidente boliviano diz que todas as petrolíferas que operam no país teriam 180 dias para assinar os novos contratos que as converterá em prestadoras de serviço para a estatal Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB).

A Petrobras, proprietária das duas únicas refinarias do país e afetada diretamente pela resolução assinada por Soliz, cancelou uma reunião programada para a sexta-feira em La Paz para negociar novos contratos de operação no país. A operação de refino é um dos menores negócios da Petrobras na Bolívia, onde investiu US$ 1,5 bilhão. Apenas neste ano, o valor das exportações de gás da Bolívia para a Argentina e o Brasil deve superar US$ 1,5 bilhão, segundo comunicados oficiais.

O governo boliviano iniciou nos últimos dias uma rodada de negociações com a francesa Total Chaco e British Gas. Ainda assim, continuará o cronograma para definir novos contratos com as petrolíferas Andina, Repsol-YPF, Petrobras, Pluspetrol e outras empresas que operam na Bolívia desde 1997.

Lula disse que o governo brasileiro tem interesse em manter boas relações com a Bolívia, ressaltando que, no caso da exploração de Petróleo na Bolívia, há acordos e contratos assinados.

- Alguém querer fazer bravata aqui ou ali não dá resultado. É prejuízo para o povo boliviano, prejuízo para o povo brasileiro. A Bolívia tem quase três mil quilômetros de fronteira com o Brasil e temos interesse em manter tranqüilidade na Bolívia. A paz na Bolívia significa tranqüilidade para o Brasil também. Nós não queremos conturbação. Nós sabemos da diferença de poder econômico, de poder industrial entre o Brasil e a Bolívia. O Brasil tem obrigação com seus parceiros menores - disse Lula.

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