Depois de três safras em que as cotações flutuaram em patamares elevados, a nova realidade de preços das commodities agrícolas obriga o agronegócio a uma reestruturação global. Com margem apertada, os produtores, principalmente de grãos, terão que reduzir os custos e ganhar "profissionalismo" na hora de comercializar a safra. Esse e outros temas serão abordados no 2.º Fórum de Agricultura da América do Sul. O evento é realizado pelo Agronegócio Gazeta do Povo e começa hoje, em Foz do Iguaçu.
Em 2012, as cotações das commodities atingiram os melhores patamares da história. A soja chegou a romper a barreira dos US$ 17 por bushel na Bolsa de Chicago, enquanto o milho bateu na casa dos US$ 8,4 por bushel. Valores totalmente diferentes dos atuais a oleaginosa está valendo US$ 10,5 por bu e o cereal US$ 4 por bu.
"Este ano observou-se o que pode ser uma inflexão mais duradoura, com queda dos preços da maioria dos produtos relevantes. Em um contexto de pressão de custos, as margens ficam de fato comprimidas", ressalta o professor Antonio Marcio Buainain, do Instituto de Economia (IE) da Unicamp. Ele participa da conferência "O papel do estado no desenvolvimento do agronegócio", hoje, às 14h30.
Com menos dinheiro no bolso, os produtores apostam na melhora da eficiência dentro e fora da porteira. Atualmente, a busca é pela para viabilização financeiramente do negócio, ou seja, é preciso aumentar a produtividade por hectare gastando menos com fertilizantes, insumos, defensivos agrícolas e mão de obra.
"Os sinais de preços emitidos pelos mercados internacionais provaram ser irresistíveis para os produtores regionais, que apostaram fortemente pela especialização. Assim, os avanços tecnológicos permitem diminuir os custos de produção", aponta Monica Rodrigues, economista da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) e também palestrante do Fórum .
Outro estágio importante do processo e que também será debatido no evento é a profissionalização na hora de comercializar a safra. O palestrante do tema Pedro Djneka, sócio diretor da AGRBrasil, irá abordar a importância do produtor sul-americano inovar na comercialização. "Alguns grupos maiores já praticam isto, mas, de forma generalizada, pequenos e médios produtores ainda pecam no processo", diz.
Além destes temas, o Fórum irá discutir infraestrutura, logística, pecuária, cereais de inverno e empreendedorismo na agricultura familiar. No total, serão três conferências e oito painéis em dois dias de discussões que irão reunir centenas de produtores, analistas, executivos e autoridades.