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COMÉRCIO EXTERIOR

Novo presidente argentino dá esperança a exportadores

Pátio de automóveis no Porto de Paranaguá: setor automotivo deve ser beneficiado por nova postura do governo argentino. | Jonathan Campos/Gazeta do Povo
Pátio de automóveis no Porto de Paranaguá: setor automotivo deve ser beneficiado por nova postura do governo argentino. (Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo)

O comércio bilateral com o Brasil – e também com o Paraná – deve ser impulsionado com a vitória do oposicionista Mauricio Macri para a presidência da Argentina. A expectativa é que setores como o da produção de alimentos deem uma guinada, melhorando níveis internos de emprego e consequentemente de consumo no país vizinho. Durante a campanha, Macri já havia afirmado que iria promover um severo ajuste na economia do país caso fosse eleito. Ele toma posse na Casa Rosada em dezembro.

Na agenda que o presidente eleito prometeu implementar estão uma série de ações que podem beneficiar o Mercosul e o Brasil, maior parceiro comercial da Argentina. Derrubar parte das barreiras alfandegárias criadas pelo governo de Cristina Kirchner é uma das promessas. Um desses obstáculos obriga as empresas argentinas a exportar antes de importar, para controlar a saída de dólares do país.

José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), diz que estimativas apontam potencial para a venda de 20 milhões de toneladas de produtos agrícolas argentinos – e a liberação desse comércio pode ajudar a recompor as reservas do país.

“Isso recuperaria a capacidade da Argentina para importar e criaria um resultado positivo imediato. Com isso, a importação de máquinas agrícolas também aumentaria. A perspectiva de exportações de produtos manufaturados brasileiros é imensa”, diz. O Paraná é um dos principais produtores brasileiros de máquinas agrícolas, como tratores e colheitadeiras.

Hoje as empresas do estado têm a Argentina como segundo maior parceiro comercial, atrás da China. Há sete anos, o país vizinho ocupava a primeira posição, mas perdeu espaço com o fortalecimento da importação de soja pelos chineses.

Roberto Zurcher, economista da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep) afirma que, apesar do potencial do mercado argentino, dificilmente o país vizinho conseguirá retomar a liderança na parceria comercial com o Paraná.

“A China vai continuar a ser um grande importador de alimentos produzidos pelo Paraná. Esse fluxo não deve se alterar e a economia chinesa é muito maior do que a da Argentina. Mas, proporcionalmente, uma recuperação rápida deles fará bastante diferença para os produtores do estado”, diz.

Potencial

De janeiro a outubro deste ano, as empresas paranaenses faturaram US$ 920 milhões com embarques para a Argentina. O número representa uma queda de 4% em relação às vendas do mesmo período do ano passado. Embora negativo, o resultado é melhor que o vislumbrado no início de 2015.

Os especialistas apontam que os setores que têm mais potencial para serem beneficiados com o novo governo argentino são as indústrias de automóveis e autopeças e a de equipamentos agrícolas. “Também acredito que o segmento de alimentos industrializados pode ser beneficiado”, afirma Zurcher.

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