O comércio bilateral com o Brasil – e também com o Paraná – deve ser impulsionado com a vitória do oposicionista Mauricio Macri para a presidência da Argentina. A expectativa é que setores como o da produção de alimentos deem uma guinada, melhorando níveis internos de emprego e consequentemente de consumo no país vizinho. Durante a campanha, Macri já havia afirmado que iria promover um severo ajuste na economia do país caso fosse eleito. Ele toma posse na Casa Rosada em dezembro.
INFOGRÁFICO: Veja a evolução do comércio entre Paraná e Argentina
Na agenda que o presidente eleito prometeu implementar estão uma série de ações que podem beneficiar o Mercosul e o Brasil, maior parceiro comercial da Argentina. Derrubar parte das barreiras alfandegárias criadas pelo governo de Cristina Kirchner é uma das promessas. Um desses obstáculos obriga as empresas argentinas a exportar antes de importar, para controlar a saída de dólares do país.
Mercosul e União Europeia
Além de se reaproximar do Brasil, Mauricio Macri sinalizou que simpatiza com o acordo entre o Mercosul e a União Europeia, travado pela própria Argentina. “Espero que agora a Argentina faça o que o Brasil não fez. Que trate o Mercosul como um bloco de comércio exterior, com novos acordos bilaterais”, afirma José Augusto de Castro, presidente da AEB. Em sua primeira entrevista à imprensa após a eleição, Macri reiterou que pedirá que seja acionada a chamada cláusula democrática do Mercosul em sanção à Venezuela, que, para ele, mantém “presos políticos”.
José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), diz que estimativas apontam potencial para a venda de 20 milhões de toneladas de produtos agrícolas argentinos – e a liberação desse comércio pode ajudar a recompor as reservas do país.
“Isso recuperaria a capacidade da Argentina para importar e criaria um resultado positivo imediato. Com isso, a importação de máquinas agrícolas também aumentaria. A perspectiva de exportações de produtos manufaturados brasileiros é imensa”, diz. O Paraná é um dos principais produtores brasileiros de máquinas agrícolas, como tratores e colheitadeiras.
Hoje as empresas do estado têm a Argentina como segundo maior parceiro comercial, atrás da China. Há sete anos, o país vizinho ocupava a primeira posição, mas perdeu espaço com o fortalecimento da importação de soja pelos chineses.
Roberto Zurcher, economista da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep) afirma que, apesar do potencial do mercado argentino, dificilmente o país vizinho conseguirá retomar a liderança na parceria comercial com o Paraná.
“A China vai continuar a ser um grande importador de alimentos produzidos pelo Paraná. Esse fluxo não deve se alterar e a economia chinesa é muito maior do que a da Argentina. Mas, proporcionalmente, uma recuperação rápida deles fará bastante diferença para os produtores do estado”, diz.
Potencial
De janeiro a outubro deste ano, as empresas paranaenses faturaram US$ 920 milhões com embarques para a Argentina. O número representa uma queda de 4% em relação às vendas do mesmo período do ano passado. Embora negativo, o resultado é melhor que o vislumbrado no início de 2015.
Os especialistas apontam que os setores que têm mais potencial para serem beneficiados com o novo governo argentino são as indústrias de automóveis e autopeças e a de equipamentos agrícolas. “Também acredito que o segmento de alimentos industrializados pode ser beneficiado”, afirma Zurcher.
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