| Foto: Hamilton Bruschz/Arquivo/Gazeta do Povo
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Embora seja mais conhecido pelo trabalho em banco de investimento do que no segmento de varejo, o escolhido para presidir o Banco do Brasil, André Brandão, segundo fontes do setor financeiro, poderia agilizar a agenda de venda de ativos do BB. Essa é uma das agendas prioritárias para a equipe econômica.

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"Brandão é o verdadeiro 'lorde inglês'. Tem experiência em atacado e pode ajudar na venda de ativos. Também tem postura para lidar com grandes clientes e receber investidores", disse um banqueiro, na condição de anonimato.

Em relação à venda de ativos do BB, algumas agendas já andaram, como a venda de ações de IRB Brasil Re e Neoenergia, o início da parceria com o UBS em banco de investimento e a abertura de capital do BV (ex-Banco Votorantim). Mesmo assim, a gestão de Novaes teria deixado a desejar nesse quesito – além de ter sido "atropelada" pela pandemia de coronavírus.

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Brandão também pode ajudar nas conversas com o Bradesco, que tem uma série de sociedades com o BB, pois participou da venda do HSBC ao banco.

A Cielo deu o primeiro prejuízo trimestral de sua história no início deste ano, impactada pela pandemia e pela pressão concorrencial.

O BB, assim como seus rivais, também sofre pressão em relação à evolução tecnológica que está transformando o setor com a chegada de fintechs.

Escolha de André Brandão agrada ala "pragmática" do governo

A indicação de André Brandão, executivo atualmente no HSBC, para a presidência do Banco do Brasil, é considerada uma vitória da ala "pragmática" do governo.

Se confirmado, Brandão substituirá Rubem Novaes, de 74 anos, que anunciou sua saída do cargo no início da semana passada. Novaes pediu demissão em meio a um desgaste e também por causa da pressão de dirigir o banco.

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Apesar de ser um nome com o aval do ministro da Economia, Paulo Guedes, o executivo era também ligado ao "guru" Olavo de Carvalho, que tem criado polêmicas e atrapalhado a pauta do governo no Congresso. Além disso, o desempenho do BB na área de crédito também seria insatisfatória. Em meio à pressão, no dia 24 de julho ele avisou o presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Economia que estava de saída.

O governo vive neste momento uma "limpa" da área ideológica, justamente para agradar o mercado financeiro e principalmente o Legislativo e os partidos do chamado Centrão, que agora formam a base de apoio do governo Bolsonaro.

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Ao escolher um nome de mercado – Brandão tem 17 anos de HSBC e mais de uma década de Citibank –, o consenso é de que o nome reforça o cacife de Guedes no governo. A confirmação do executivo no cargo depende de ritos internos do BB e do governo.

Desde 2003 no HSBC, André Brandão atuava como chefe global da instituição para as Américas. Desde que vendeu o banco de varejo para o Bradesco, em 2016, o HSBC atua no Brasil apenas como banco de investimento – área chamada de "atacado" no jargão do mercado.

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Antes de chegar ao HSBC, o executivo permaneceu mais de dez anos no Citibank – outra instituição que, recentemente, saiu do segmento de varejo no país, ao ser adquirida pelo Itaú Unibanco.

Em 2015, o executivo depôs na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigava supostos crimes de evasão de divisas de brasileiros que tinham contas na agência de Genebra, na Suíça, do banco. Na época, ele negou que a instituição brasileira tivesse acesso a dados dos correntistas fora do país.

Brandão enfrentava, no HSBC, um movimento de redução de cargos executivos. Segundo reportagem da Reuters publicada no mês de abril, ele permaneceria no cargo de dirigente para as Américas até o fim do ano, quando "novos anúncios seriam feitos". Outros diretores regionais do banco foram demitidos desde o início de 2020.

Fontes do mercado financeiro consultadas pelo jornal "O Estado de S. Paulo" disseram que Brandão é um visto como um respeitado executivo de mercado e que sua indicação para o Banco do Brasil manda uma mensagem positiva em termos de gestão.