Satya Nadella, indiano que se autodescreve como fanático por críquete e que assumiu como presidente-executivo da Microsoft no mês passado, faz sua estreia pública nesta quinta-feira (27) e a previsão é que parta para a ofensiva com algumas tacadas ousadas.
Quando Nadella comandar sua primeira grande entrevista coletiva esta semana, é provável que ele descreva - se não lançar oficialmente - versões do Word, Excel e PowerPoint projetadas para o tablet iPad, da Apple, para faturar em um mercado estimado em até US$ 7 bilhões ao ano.
A tecnologia por trás do software não é inovadora, mas a estratégia é a seguinte: ele coloca o Office no centro do esforço da empresa para se tornar líder em serviços através de uma variedade de plataformas - possivelmente em detrimento do Windows e o seu próprio tablet Surface.
Essa vontade de romper com a tradição do Windows, que continua a ser o legado mais duradouro do co-fundador Bill Gates, tem ajudado a impulsionar as ações da Microsoft a mais de US$ 40, para níveis não vistos desde o boom da internet no ano 2000.
Wall Street agora está cautelosamente otimista sobre uma empresa que ganha bilhões de dólares por ano mas que corre o risco de obsolescência gradual em uma indústria de tecnologia movida a telefonia móvel.
"O fato de que Nadella vai puxar o gatilho (do Office) mostra que ele não é apenas um funcionário que vai manter o status quo. Agora, é uma folha de papel em branco", disse o analista da FBR Capital Markets, Daniel Ives.
Dependendo do preço que a Microsoft cobrará pelo Office para iPad e quantas das dezenas de milhões de usuários do iPad irão adotá-lo, a empresa poderia arrecadar algo entre US$ 840 milhões e US$ 6,7 bilhões por ano em receitas, estima o analista do Barclays, Raimo Lenschow.
Rick Sherlund, analista do Nomura, foi mais cauteloso sobre as previsões de resultados. Ele estima que um Office para iPad geraria apenas US$ 1 bilhão ou um pouco mais em novas receitas ao ano, já que muitos usuários em potencial já têm licenças corporativas que podem ser convertidas para o novo produto.
Além disso, não está claro o quanto da receita será entregue à Apple, que geralmente leva cerca 30% das vendas de aplicativos por meio de sua loja.
Representantes da Microsoft e da Apple se recusaram a comentar o assunto.
Na quinta-feira, Nadella tem na agenda oficial comentários sobre estratégias para mobilidade e computação em nuvem. Mas investidores e analistas da indústria estarão interessados em sinais do novo presidente-executivo sobre seu interesse em levar a Microsoft para uma direção radicalmente diferente.
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