Os exportadores e importadores brasileiros estão com dificuldades para fechar compra e venda de câmbio desde a última segunda-feira (3), quando o novo sistema de registros de contratos do Banco Central (BC) passou a funcionar, o chamado Novo Câmbio, que substituiu o antigo Sisbacen. Segundo corretoras, problemas com o novo sistema estaria atrasando principalmente o pagamento de fornecedores de empresas no exterior.

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Segundo Reginaldo Siaca, gerente de câmbio da Advanced Corretora, o sistema tem registrado lentidão, telas de erro e dificuldades de comunicação com o Banco Central, que faz o repasse dos dados aos bancos.

"A migração para novo sistema do BC ocorreu na última segunda-feira, em plena greve de bancários e num momento de forte volatilidade no câmbio", acrescenta Siaca.

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Luiz Antônio Abdo, gerente da mesa de câmbio da Souza Barros, explica que alguns contratos conseguem ser fechados "aos trancos e barrancos". "O BC confirma o recebimento do registro e o encaminhamento aos bancos, mas o banco não confirma o recebimento. Isso é um problema para o cliente, que está levando dois dias a mais no mercado para fazer remessas" explica Siaca.

O novo programa do BC tem como objetivo agilizar o fechamento dos contratos de câmbio e reduzir custos dos bancos com o sistema, que chegam a R$ 50 milhões. Ele unifica oito diferentes modelos de contrato. O Sisbacen, até então usado pelo mercado, foi criado 25 anos atrás.

Luis Fernando de Jesus, operador sênior de câmbio da TOV Corretora, explica que o programa foi testado exaustivamente nos últimos meses. Mas, quando operadores chegaram na segunda-feira passada e ligaram os computadores, o novo sistema não operou conforme o imaginado.

"Os bancos de primeira linha estão fechando apenas o estritamente necessário. Em alguns casos, fazem os contratos apenas até o meio-dia e não fecham mais", afirma o operador.

Fontes no setor bancário culparam as corretoras, que estariam preenchendo errado os dados no novo sistema. Um exemplo seria os dados de agência e conta corrente do cliente. Antes, os dados podiam ser lançados com hífens. Atualmente, só podem ser incluídos números.

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"Quando o contrato chega ao banco, com o hífen, o computador vê inconsistências e não fecha o contrato. São vários outros pequenos pontos como este", explica Tulio Ferreira, coordenador do sistema Novo Câmbio na Abracam (Associação Brasileira das Corretoras de Câmbio), para quem os problemas devem ser resolvidos até o fim desta semana.

Geraldo Magela, chefe da gerência executiva de normatização de câmbio e capitais estrangeiros do Banco Central, afirma que "não houve registro de ocorrências de erros" com o sistema.

"Foram 54 mil registros na segunda-feira, 57 mil na terça-feira e 40 mil nesta quarta-feira antes do pico do mercado", disse Magela.

Segundo ele, não havia necessidade de adiar a entrada no novo sistema de registro, apesar da greve bancária e o tumultuado momento cambial do país.

"Estamos usando uma sistemática de registro que já existe no Banco Central. Estamos mudando apenas o meio de registro. O negócio ocorre normalmente", disse Magela. "Em uma ou outra instituição, pode haver problemas internos. É normal em uma migração".

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O sistema de câmbio possui hoje 175 instituições autorizadas a operar no mercado de câmbio.