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MIDDLE MARKET

Novos contratos vão duplicar receitas da Compagas até 2014

Pizzatto, da Compagas: se não fossem as limitações do gasoduto Bolívia-Brasil, a empresa poderia fornecer até 1,1 milhão de metros cúbicos diários à Vale, o dobro do volume contratado | Henry Milléo / Gazeta do Povo
Pizzatto, da Compagas: se não fossem as limitações do gasoduto Bolívia-Brasil, a empresa poderia fornecer até 1,1 milhão de metros cúbicos diários à Vale, o dobro do volume contratado (Foto: Henry Milléo / Gazeta do Povo)

A Compagas, que detém a concessão da distribuição de gás natural canalizado no Paraná, planeja mais que dobrar o seu faturamento até 2014, passando dos atuais R$ 350 milhões para R$ 750 milhões. De acordo com o presidente da companhia, Luciano Pizzatto, o número diz respeito a contratos de fornecimento já assinados e pode até ser superado, caso a empresa consiga avançar em questões ligadas ao suprimento do combustível.

A companhia é um exemplo do potencial do mercado de middle market – segmento que abrange empresas de faturamento anual médio entre R$ 30 milhões e R$ 350 milhões e que reúnem oportunidades de crescimento em médio prazo.

A expectativa da Compagas contempla um crescimento médio de 29% ao ano em suas receitas nos próximos três anos. A empresa é controlada indiretamente pelo governo estadual: sua maior acionista é a estatal de economia mista Copel, com 51% das ações. Os demais acionistas são a Gaspetro, da Petrobras, e a Mitsui Gás, ambas com 24,5%.

Segundo Pizzatto, o crescimento da receita se justifica em boa parte pela ampliação do abastecimento industrial, divisão que já é responsável por 52,3% das vendas da empresa, que têm média diária de 1,042 milhão de metros cúbicos. As vendas diretas ao consumidor – para residências e veículos, com o gás natural veicular (GNV) – representam apenas 3% do volume comercializado pela empresa.

Contratos

Para os próximos anos, está acertado o fornecimento de gás a empresas que estão em processo de instalação no estado, além de novos negócios com companhias que já são atendidas pela Compagas.

O principal contrato foi assinado com a Vale Fertilizantes (que assumiu as antigas Ultrafértil e Fosfertil) e deve garantir boa parte do aumento de receita previsto pela companhia. Assinado em julho passado, o negócio prevê o abastecimento diário de 550 mil metros cúbicos de gás a partir de 2013. Com planta industrial em Araucária, na região metropolitana de Curitiba, a Vale vai trocar o óleo combstível pelo gás natural na cadeia de produção dos fertilizantes.

Fornecimento

Pizzatto comemora os novos contratos, mas ressalta que a distribuição de gás na região já está perto de seu limite para os próximos anos. "Não temos problemas em garantir o fornecimento para nenhum dos contratos já assinados. O desafio está em negociar novas vendas frente à capacidade de atendimento", diz Pizzatto. Sem as limitações, diz o executivo, o contrato com a Vale Fertilizantes poderia chegar ao dobro do volume acertado – 1,1 milhão de metros cúbicos.

Gasoduto

O presidente da Compagas diz que, com a informação de que o gasoduto Bolívia-Brasil estaria próximo de seu limite, a empresa passou a estudar alternativas para a situação. Uma delas seria a construção de um gasoduto de 110 quilômetros entre Para­naguá (que receberia gás de outras fontes, provavelmente nacionais) e Araucária. A intenção é de que a licitação do projeto seja lançada "no curto prazo", afirma Pizzatto.

Segundo ele, o gasoduto custaria entre R$ 200 milhões e R$ 300 milhões e a intenção é de que ele fique pronto em 2015 ou 2016. O presidente da Compagás diz ainda que, resolvendo os problemas de suprimentos, a companhia poderia chegar a um faturamento de até R$ 2,5 bilhões dentro de cinco anos.

Na mira dos fundos de investimento

Na busca por uma formalização de suas operações e enfrentando questões ligadas à gestão de pessoas e à rentabilidade, as empresas do chamado middle market brasileiro estão chamando atenção crescente de fundos de investimentos nacionais e estrangeiros.

Uma das principais armas dessas companhias para atrair os investidores é o alto crescimento de suas receitas. De acordo com uma pesquisa da consultoria Deloitte, que examinou as empresas do segmento que mais crescem no país, a ampliação média das receitas chegou a 36% ao ano, entre 2008 e 2010.

Segundo Alex Borges, sócio da consultoria e especialista em empresas emergentes, o número é superior à média de crescimento das companhias brasileiras de capital aberto, que teria sido de 20%. E ele afirma que a expectativa de boa parte das médias empresas é de continuar crescendo num bom patamar dentro dos próximos anos. "Elas estão pensando em alavancar seus resultados. Por isso, almejam continuar crescendo pelo menos na casa dos dois dígitos por ano", afirma Borges.

Segundo ele, o momento brasileiro é bastante favorável, mas, para aproveitá-lo, é necessário que as empresas continuem apostando na perenidade de suas operações, pensando em itens como controle de custos, revisão de processos e implementação de sistemas de informação, além do aprimoramento de sua governança corporativa.

O diretor do segmento de empresas (Corporate) do HSBC, Fernando Freiberger, aponta um amadurecimento das companhias brasileiras neste cenário. Segundo ele, diversas empresas menores já estão desenvolvendo um "pensamento de mercado", de olho nas oportunidades de desenvolvimento que elas têm.

E, para ele, hoje as possibilidades de alta capitalização estão concentradas nos fundos de investimentos. "Pensando em capitalização, essas empresas poderiam pensar no mercado acionário, mas vemos poucos casos de companhias assim na Bovespa, e pouca liquidez. Os fundos de participação nacionais e internacionais, por sua vez, estão em um número cada vez maior e mais interessados no mercado brasileiro. Isso já é uma realidade, uma alternativa para o crescimento", diz Freiberger.

Borges, da Deloitte, que também vê o quadro com otimismo, afirma que um dos passos mais importantes para o desenvolvimento e capitalização destas empresas – o planejamento estratégico – já está sendo feito por boa parte delas. "Nesta fase, é essencial que a empresa saiba aonde quer chegar e as companhias vêm percebendo isso. Mais de 80% das organizações com as quais a gente conversa têm essa visão de aonde querem chegar e como. Em algumas, isso está até documentado", diz Borges.

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