As construtoras estão investindo em treinamento e novos métodos construtivos para reduzir os custos e o número de pessoas nos canteiros. De acordo com Euclésio Finatti, vice-presidente da área técnica e de política e relações trabalhistas do Sinduscon, o setor vem acelerando ações para evitar um "apagão" de mão de obra qualificada. A entidade promove, em parceria com o Senai, cursos gratuitos como oficina matemática no canteiro de obra, manutenção predial, serviços elétricos, leitura e interpretação de projetos. Há cursos promovidos na própria obra para mestre de obras, pedreiros e serventes, bancados pelas construtoras. Para ele, um dos grandes desafios é superar a imagem negativa das condições de trabalho na construção civil que ainda se mantém viva na cabeça de muita gente. "Não existe mais aquele funcionário que come marmita fria, não usa equipamentos de segurança e que está sempre com roupas sujas, uma imagem que era comum há dez anos. Hoje a construção mudou e se profissionalizou", afirma.
Essa visão talvez ajude a explicar o fraco resultado do programa do governo federal para inserir novos trabalhadores no setor. Patrocinado pelo Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), o programa Próximo Passo que foi lançado inicialmente com o nome de Plano Setorial de Qualificação (Planseq) ensina beneficiários do Bolsa Família para funções como pedreiros, azulejistas, carpinteiros e eletricistas. O programa tem recursos de R$ 150 milhões para todo o país. Mas, um ano e meio após ser lançado, não cumpriu nem 30% da meta, de treinar 180 mil pessoas. No Paraná os números são ainda piores. Menos de 10% das 7,2 mil vagas dos cursos, que são gratuitos, foram preenchidas.
O objetivo é atrair para a construção pessoas que nunca pisaram em um canteiro de obras, gente que está sem emprego e que depende do Bolsa Família para sobreviver. "Mas o que nós vimos desde que o programa foi lançado foi um grande desinteresse dos beneficiários em entrar nesse setor. Algumas pessoas já atuam em outras atividades na informalidade e preferem não investir nesse segmento, diz Finatti.
As construtoras também vêm adotando novas tecnologias para reduzir o tempo e a quantidade de mão de obra no canteiro, como a industrialização e a chamada alvenaria estrutural, que não usa pilares e vigas de concreto. "Com ela, a obra é 25% mais rápida e mais limpa do que a convencional", diz Normando Baú, da construtora Baú. De acordo com ele, outras tecnologias, como a do concreto celular produzido pela mistura de cimento, cal, areia e pó de alumínio também para ajudam a reduzir o entulho e dão rapidez aos trabalhos. "Com a pressão dos custos, casa vez mais o setor terá de buscar alternativas para economizar e reduzir o tempo das obras".