Após obter autorização do Banco Central para funcionar como instituição financeira, o Nubank lançou nesta terça-feira (11) a chegada do cartão de débito . O mesmo cartão usado para o crédito oferecerá esta função e também permitirá saques, com tarifa de R$ 6,50 para uso nos caixas da rede 24 horas. A estratégia mira os clientes sem aprovação para crédito.
“O saque é a única coisa que a gente não pôde fazer milagre. A gente tem esse custo no 24 horas e preferiu repassar esse custo integralmente para o cliente a colocar tarifas escondidas em outras frentes”, disse Cristina Junqueira, vice-presidente da empresa. “No mundo offline a gente nunca vai ser super competitivo”, complementou.
Em um primeiro momento, 10 mil clientes selecionados poderão utilizar o novo cartão contactless como débito e para saque. Eles devem receber um e-mail sobre o tema ainda hoje.
A função será liberada a partir de agora, aos poucos, e significa para o Nubank a verdadeira possibilidade de se tornar a instituição financeira exclusiva de seus clientes mais fiéis. A meta da empresa é disponibilizar o débito para toda a base de clientes no primeiro semestre do ano que vem.
Desde outubro, os clientes que receberam a nova versão do cartão roxinho percebiam a opção “débito” nos terminais de pagamento, mas não conseguiam utiliza-la. O app da fintech enviava mensagens pedindo paciência aos clientes que tentavam, e a empresa chegou a confirmar a habilitação do cartão contactless para essa função nas redes sociais.
“Muitos de vocês vêm pedindo isso já faz anos”, disse, em apresentação à imprensa e a clientes, o CEO da empresa, David Vélez. Atualmente, há cerca de 2,5 milhões de clientes da NuConta, parte delas ainda sem aprovação para o crédito. Segundo Vélez, trata-se da maior conta digital do Brasil, e a intenção é chegar a dezenas de milhões de pessoas - inclusive os 20 milhões que tentaram, mas não conseguiram o crédito aprovado pela fintech.
Mudanças nas fintechs
Há dois meses, a fintech anunciou que chegou aos 5 milhões de clientes do cartão. Naquele mesmo mês, recebeu aporte da chinesa Tencent e se tornou a maior fintech da América Latina, avaliada em US$ 4 bilhões.
Em janeiro, o presidente Michel Temer publicou um decreto que já permitia ao Nubank possuir empresas financeiras, o que engloba crédito com risco elevado, como financiamento de veículos usados e convênios com estabelecimentos comerciais. Com a autorização para funcionar como instituição financeira, a Nu poderá realizar empréstimos pessoais, por exemplo, além de outros serviços de banco de varejo. Em abril o BC liberou as fintechs para ofertarem crédito sem intermediação de bancos.
Segundo Junqueira, a prioridade do Nubank ainda é atrair clientes com necessidades mais simples. Para isso, o débito e o saque eram mais importantes que funções sofisticadas, como crédito imobiliário e outros tipos de investimentos mais robustos que a Nuconta. O cliente desbancarizado e o usuário de poupança, grupo que representa 100 milhões de brasileiro, são os mais importantes agora.