A Droga Raia, rede de farmácias com sede em São Paulo e atuação nos estados de São Paulo, Paraná, Minas, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, pode levantar até R$ 768,5 milhões com uma oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês) de ações. A empresa divulgou ontem o prospecto da emissão de ações. O prazo para reserva de papéis, já está definido: vai de 6 a 15 de dezembro; e a negociação começa no dia 20. Deve ser o 11.º IPO deste ano na bolsa brasileira. O número de ofertas iniciais este ano já supera a soma de 2008 e 2009, anos que sofreram o impacto da crise imobiliária internacional.
Os coordenadores da oferta da Droga Raia bancos Itaú BBA (líder), Credit Suisse e BB Investimentos estimam o preço de lançamento das ações entre R$ 19 e R$ 24 reais. O preço real só será definido em 16 de dezembro, após o encerramento do prazo para reserva. Para os investidores de varejo, serão reservados entre 10% e 20% das ações ofertadas sem considerar os lotes extras , e poderão participar com aportes entre R$ 3 mil e R$ 300 mil. Os aportes que superarem esse valor serão enquadrados na oferta institucional (a mesma de fundos de investimentos, por exemplo).
A Droga Raia, que afirma ser uma das cinco maiores redes de drogarias do país em receita e a terceira maior em quantidade de lojas, entrou com pedido de IPO no fins de outubro. Na ocasião, a companhia informou que os recursos obtidos com a oferta serão destinados a investimentos em ativos fixos e capital de giro para abertura e reforma de lojas, além de redução da dívida de longo prazo com bancos.
A Droga Raia encerrou setembro com 326 farmácias nos cinco estados onde atua. A previsão da companhia é terminar 2010 com 350 unidades em operação. Após a conclusão da oferta, a empresa será a segunda varejista de medicamentos listada na Bovespa, juntando-se à Drogasil.
Mais ofertas, menos volume
O número de IPOs até agora já é um dos maiores desta década, perdendo apenas para 2006 e 2007. Em 2009 foram registradas cinco ofertas, contra quatro no ano anterior. Esse refluxo deve-se ao impacto da crise que começou com a inadimplência das hipotecas imobiliárias nos Estados Unidos e acabou por tornar-se um problema global. Em 2007, ano em que a bolsa mais cresceu, ocorreram 64 ofertas iniciais.
O que chama atenção nos números de 2010, entretanto, é o baixo volume financeiro total das operações. As dez emissões realizadas até agora somaram R$ 10,5 bilhões, contra R$ 23 bilhões das cinco operações de 2009. No ano passado, uma única operação a oferta brasileira do banco Santander somou R$ 13,18 bilhões.
A explicação para esse número baixo está na capitalização da Petrobras, uma operação gigantesca, que mobilizou R$ 120,2 bilhões. A emissão da companhia não é contada como um IPO, dado que a petrolífera já é negociada em bolsa. Mas a oferta de papéis ocorrida em setembro mobilizou os investidores, que destinaram a ela recursos que, noutra situação, poderiam ser aplicados em outras empresas. Além disso, muitas empresas esperaram pela oferta da Petrobras, para fazer dela uma medida do apetite do mercado por novas emissões.