O Brasil atingiu a marca de 120,4 mil milionários em 2006, cerca de 10% a mais que em 2005, mostrou uma pesquisa feita pela Merrill Lynch e pela Cap Gemini nesta quarta-feira.
Segundo o estudo, milionário é aquela pessoa que possui acima de US$ 1 milhão líquidos para investir.
De acordo com o levantamento, o aumento foi impulsionado pela aceleração no consumo e no investimento privado, pela redução do juro e da inflação, e pelo superávit da balança comercial.
Mas a alta relação entre dívida pública/PIB, o baixo investimento público e o nível dos impostos - que passaram de 29% do PIB em 1997 para perto de 40% cento do PIB em 2006 - foram apontados como fatores que podem inibir o aumento do grupo.
O ativo total de milionários da América Latina subiu 23,2% em 2006, crescimento mais rápido que qualquer outra região do mundo, enquanto o número de milionários avançou 10,2%.
Já os ativos detidos pelas pessoas mais ricas do mundo cresceram 11,4% no ano passado, para US$ 37,2 trilhões, enquanto o número de milionários aumentou 8,3%, para US$ 9,5 milhões. O número de ultra milionários do mundo - aqueles com mais U$ 30 milhões para investir - subiu 11,3% por cento, para quase 95 mil.
A pesquisa indica, entretanto, que uma redução do crescimento econômico mundial pode conter a abundante expansão nos próximos anos.
- Muitas economias devem desacelerar... os riscos de alta dos preços de energia e conflitos geopolíticos são uma ameaça contínua, adicionando um nível de incerteza a nossas atuais previsões - afirmou o estudo.
A pesquisa, denominada "World Wealth Report" e bastante usada como referência na indústria, prevê que a riqueza global cresça 6,8% por ano até 2011, elevando a riqueza total do mundo a US$ 51,6 trilhões.
A baixa volatilidade do mercado em 2006 tirou parte do brilho de investimentos alternativos como hedge funds e private equity, mostrou o levantamento. O crescimento dos mercados imobiliários, por outro lado, atraiu mais recursos.
A taxa de crescimento da riqueza ficou bem acima do crescimento econômico mundial no ano passado, de 5,4%.
A América do Norte teve taxa de crescimento de riqueza de 10% e continuou a região com a maior população de milionários do mundo, US$ 3,2 milhões de pessoas.
Nuvens no horizonte
Com dinheiro no bolso, milionários também ajudaram os menos afortunados, gastando um total de US$ 285 bilhões em causas filantrópicas, com América do Norte e Ásia sendo os mais generosos.
Mas a gestão de fortunas não deve continuar crescendo, à medida que a economia norte-americana deve desacelerar em meio a temores com o crédito imobiliário de risco e a perspectiva para países como China e Índia tornando-se levemente menos otimista.
O crescimento deve ser maior no Oriente Médio, 9,5% até 2011, por causa da persistente alta do petróleo, disse a pesquisa, depois que uma correção no mercado acionário da região reduziu a acumulação de riqueza em 2006. O rápido crescimento levou bancos no mundo inteiro a expandirem as atividades de gestão de fortunas nos últimos anos, mas o setor deve se preparar para um desaceleração, dada a chance de queda das ações, mostrou o estudo.
O setor de gestão de fortunas é altamente fragmentado, com os maiores players, como UBS e Citigroup, responsáveis por menos de 5% de participação de mercado e centenas de bancos privados e escritórios familiares.