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Crítica a estabilidade fiscal

“Nunca vi um mercado tão sensível como o nosso”, diz Lula sobre reação do setor

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). (Foto: EFE/Fernando Bizerra.)

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O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comentou nesta quinta-feira (10) a reação do mercado financeiro a sua declaração criticando a estabilidade fiscal e o teto de gastos. "Eu nunca vi um mercado tão sensível como o nosso. É engraçado que esse mercado não ficou nervoso com quatro anos do Bolsonaro”, disse o petista ao deixar o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), sede do governo de transição.

Nesta manhã, Lula criticou o teto de gastos, regra que limita o crescimento das despesas do governo. "Por que pessoas são levadas a sofrer para garantir a tal da estabilidade fiscal nesse país? Por que toda hora as pessoas dizem que é preciso cortar gasto, que é preciso fazer superávit, que é preciso ter teto de gastos?", afirmou.

"Não é possível que se tenha cortado dinheiro da Farmácia Popular em nome que temos de cumprir a meta fiscal, cumprir a regra de ouro. Sabe qual é a regra de ouro nesse país? É garantir que nenhuma criança vá dormir sem tomar um copo de leite e acorde sem ter um pão com manteiga para comer todo dia”, disse o presidente eleito.

O mercado financeiro reagiu mal após as declarações de Lula. Por volta das 14h, o Ibovespa registrava queda de 2,46% e atingia a marca de 110.857,09 pontos. No mesmo horário, o dólar era negociado a R$ 5,335, com alta de 2,94%.

A moeda americana terminou o pregão desta quinta em alta de 4,14%, cotada a R$ 5,397, na maior alta diária desde março de 2020. Já o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores (B3), fechou em queda de 3,35%, a 109.775 pontos.

O mau humor do mercado é reflexo também da divulgação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) que, após três meses, voltou a registrar alta e ficou em 0,59% em outubro. Além disso, há o temor dos investidores com os dados sobre a inflação dos Estados Unidos.

No cenário interno, a incerteza sobre o futuro ministro da Fazenda também movimentou as negociações. Junto a esse impasse, o anúncio do ex-ministro Guido Mantega como parte da equipe econômica de transição do governo Lula não foi bem recebido pelo mercado.

Ao deixar o CCBB, Lula não confirmou se a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para garantir programas sociais será apresentada de fato nesta semana. Ele apenas ressaltou que quem está negociando o tema é o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB) e o ex-ministro Aloizio Mercadante.

Aliados tentam minimizar declarações de Lula e reação do mercado

O vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB), minimizou a reação do mercado financeiro após as declarações de Lula e o impasse sobre definição da equipe econômica do novo governo. "Se alguém teve responsabilidade fiscal, foi Lula. Isso não é incompatível com a questão social. O que precisa é a economia crescer, esse é o fator relevante. Essas oscilações do mercado no dia de hoje tem inclusive questões externas além da questão local", disse.

Já a presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PR), disse que Lula não defendeu investimentos sociais em "detrimento do equilíbrio fiscal". "Estão dizendo que o mercado reagiu mal ao discurso de Lula porque enfatizou investimentos na área social em detrimento do equilíbrio fiscal. Não foi o que ele disse. Mas onde estavam quando Bolsonaro fez a gastança pré campanha eleitoral? Comparem a gestão Lula com o desastre de Bolsonaro", disse Gleisi no Twitter.

A senadora Simone Tebet (MDB-MS) defendeu que o primeiro ministro a ser anunciado pelo novo governo seja o da Fazenda para evitar "ruídos". Tebet faz parte da equipe de transição do governo. "Acho que é natural, o mercado tem dúvidas, e consequentemente a cada fala política do presidente eleito Lula isso acaba criando alguns ruídos.... Eu entendo, sim, que o primeiro nome que deva ser anunciado é o ministro da Fazenda ou da Economia", disse a senadora, em entrevista à GloboNews.

"Para que efetivamente o ministro possa explicar a política econômica do futuro governo. E explicar muitas vezes aquilo que o seu chefe, o presidente da República, disse em um contexto político", acrescentou.

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