Com a queda nos repasses do governo federal para a saúde pública, a taxa de inadimplência dos clientes da Nunesfarma – que desde 1980 distribui medicamentos para órgãos governamentais – triplicou em 2015. Alguns contratos tiveram que ser suspensos e a empresa curitibana teve que tomar crédito para pagar fornecedores.
“Enfrentamos uma crise parecida com a da época do plano pré-real, em que faltavam medicamentos nas prateleiras”, afirma o diretor da empresa, Fernando César Silva.
O resultado foi uma queda de 30% no faturamento da distribuidora de medicamentos, que só começou este ano mais confiante por causa de uma estratégia desenhada em 2014: entrar no segmento de varejo.
Prevendo que setor público seria gravemente afetado pela crise econômica, a Nunesfarma decidiu apostar na venda direta para o consumidor final para diversificar as suas fontes de receita.
A escolha também foi embasada em pesquisas do setor farmacêutico.
Este é o período de grande boom para medicamentos de fora do balcão e isentos de prescrição.”
A preparação para entrar no varejo começou há dois anos, com mudanças nas embalagens dos medicamentos e solicitações de autorizações para a Anvisa. Com essas etapas finalizadas, a empresa está pronta para comercializar seis produtos em nove diferentes embalagens para farmácias de todo o país.
Todos os produtos são da linha Nesh, soluções em suplementação vitamínicas e mineral criadas pelo laboratório da Nunesfarma. A linha já está presente na saúde pública e, para entrar no varejo, sofreu alterações somente nas embalagens e no design.
Os medicamentos continuam sendo produzidos em fábricas no Brasil e na Índia.
A expectativa do diretor da Nunesfarma é que os produtos estejam disponíveis para o consumidor final em todos os estados brasileiros até o fim de 2 016. As negociações com distribuidores e redes varejistas já começaram e a empresa contratou uma equipe específica para cuidar da comercialização.
Silva acredita que a estratégia deve refletir em uma melhora no faturamento da companhia a partir de 2017 e, no ano seguinte, 50% da receita deve vir do segmento de varejo.