A Índia mostrou os dentes para a rival China neste ano, com um crescimento de 10%, o que pode alterar as tradicionais hegemonias econômicas na Ásia. O Japão, por sua vez, também parece ter despertado de sua eterna letargia. Essas três economias de características completamente diferentes se encarregaram de lembrar ao mundo que o futuro passa pela Ásia, onde se concentra cerca de 60% da população do planeta.
Este ano, foram muitas as atenções dispensadas à Índia e à China, as duas economias emergentes com as maiores taxas de crescimento mundiais e que há tempos deixaram de olhar apenas para si mesmas para se comportarem abertamente como potências políticas e econômicas de pleno direito.
Já não são apenas países recptores de investimento por conta de seus baixos custos de produção e mão-de-obra barata. Mas muitos especialistas acreditam que em alguns anos vão compartilhar o papel de grandes motores econômicos mundiais. Agora, as principais empresas da China e da Índia ja fazem grandes negócios nos países considerados ricos. Suas exportações e consumo não deixam de aumentar, absorvem grande parte da energia mundial e mostram seu peso nas negociações internacionais.
Frente a uma China consolidada junto aos EUA como locomotiva mundial por seu forte crescimento e consumo, 2006 foi o ano da explosão da Índia, um gigante que gosta de lembrar que com 1,1 bilhão de habitantes é a maior democracia global.
Ao longo de 2006, a Índia foi o país da moda, a noiva que todos cortejaram para ter um pedaço do pastel de uma economia que reúne tamanho e capacidade para continuar crescendo.
Com todos os seus problemas de atraso de infra-estrutura, burocracia complicada, lenta abertura econômica e estagnação social, a Índia cresceu este ano quase 10% - superada apenas pela China - e se vangloria de oferecer aos investidores o mercado de uma classe média de milhões de pessoas.
Além disso, a Índia foi favorecida pelas preferências dos EUA, que quiseram transformá-la em um contrapoder na Ásia frente à ameaça chinesa, que este ano fechou um acordo que permitirá transferir-lhe tecnologia nuclear para uso pacífico.
Em qualquer caso, não se pode esquecer a eterna rival China, quarta economia do mundo, que recebeu investimento estrangeiro acumulado de US$ 600 milhões e continua funcionando como um autêntico motor do consumo mundial.
O crescimento de seu PIB é desordenado (aumento superior a 11% no segundo semestre), ao ponto de alguns analistas alertarem para o risco de uma desaceleração abrupta, com aumento de 30% nos investimentos e crescimento de 25% nas exportações.
Neste contexto de especial ímpeto dos gigantes emergentes, a segunda economia do mundo, Japão, vê as hegemonias da Ásia ameaçadas, embora o país do sol nascente tenha vivido uma especial recuperação. Depois de três anos de recessão e muitos outros de reflexão, o governo nipônico declarou neste ano o fim da estapa de estagnação dos preços, constatando um crescimento econômico mais que saudável de 2% durante o terceiro trimestre.
Embora em ritmo menos acelerado que em novembro de 1965 e julho de 1970, a economia japonesa alcançou em novembro seus 58º mês de crescimento ininterrupto, atingindo sua época mais longa de expansão desde a Segunda Guerra Mundial.