Rio (AG) Imagine um banco em que todas as negociações sejam feitas em papel e que os caixas usem registradoras mecânicas para autenticar os pagamentos. Imagine empresas controlando o crédito de clientes em fichas. Difícil visualizar? Mas nossos avós viveram nessa realidade e, com certeza, levaram o maior susto quando o Exército americano anunciou, em 1946, a existência de uma máquina surpreendente. O Computador e Integrador Numérico Eletrônico, ou Eniac, na sigla em inglês, foi o primeiro equipamento totalmente digital e eletrônico. Esse vovô está completando 60 anos desde que foi revelado ao mundo.
Desenvolvido como arma militar, o Eniac tinha o objetivo de calcular com precisão, numa tabela de ângulos, inclinação, distância e potencial das armas, a mira exata do alvo que deveria ser atingido. Até então, essas projeções eram feitas por grandes equipes e calculadoras mecânicas.
O Eniac nasceu a partir da primeira experiência digital, realizada pelo físico John Vincent Atanasoff, na Universidade de Iowa (EUA). Familiarizado com as idéias de Atanasoff, o engenheiro John Mauchly, da Universidade da Pensilvânia, ajudado pelo aluno John Presper Eckert Jr. e em parceria com o Laboratório de Pesquisas Balísticas do Exército, desenvolveu, então, o primeiro computador digital capaz de fazer cálculos diversos. Para vencer todas as tabelas necessárias para a projeção da mira, o Eniac levava sete segundos. Um tempo mil vezes menor do que o gasto com as melhores calculadoras eletromecânicas da época.
Quem vê hoje os palmtops terá dificuldade de vislumbrar uma máquina como o Eniac, tão grande que ocupava 180 metros quadrados. Seu peso era outro absurdo: 30 toneladas. Dentro dele, nada menos do que 17.468 válvulas, que o tornavam um equipamento totalmente eletrônico.
Se colocados todos os módulos linearmente, o Eniac mediria 25 metros de comprimento, por 5,5 metros de altura. O Eniac sofria com o superaquecimento. Suas válvulas liberavam tanto calor, que a temperatura ambiente subia a até 67 graus centígrados, tornando a sala uma sauna para os operadores, que não eram poucos para tomar conta daquele colosso.