Norman: há uma forma de interação com a máquina para cada caso| Foto: Divulgação/Norman Nielson Group

São Paulo - Donald Norman é cofundador da consultoria em usabilidade Norman Nielson Group. Além de Design emocional, escreveu The Design of Future Things ("O Design das Coisas Futuras", ainda sem tradução no Brasil). Ele falou à reportagem diretamente da Coréia, onde onde estava em viagem de negócios.

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As telas sensíveis ao toque são uma revolução?

O touchscreen não é uma revolução: nós o usamos há décadas. Gestos e movimentos é que são. As telas sensíveis ao toque são úteis, mas não precisamos exagerar: elas não irão resolver todos os problemas da Terra. É preciso parar com esse "hype". Precisamos criar aparelhos que melhorem nossas vidas, que completem as tarefas que estamos tentando fazer. Em um carro, eu controlo um computador pisando em pedais ou movendo um volante. Nenhuma tela é necessária. Nós devemos usar a melhor forma de interação para cada situação. O touchscreen é uma delas; uma entre tantas outras.

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Quais mudanças o touchscreen causa na forma como as pessoas lidam com a tecnologia? Há alterações cognitivas como as discutidas em livros como Cultura da Interface: Como o Computador Transforma nossa Maneira de Criar e Compreender e Surpreendente! A Televisão e o Videogame nos Tornam mais Inteligentes, de Steven Johnson?

Tudo o que fazemos modifica o cérebro. Ler e escrever modifica o cérebro, jogar futebol também. Não há nada de especial com as telas sensíveis ao toque. Estou mais interessado na maneira como as pessoas jogam games em seus Nintendo Wii do que no touchscreen.

Telas sensíveis ao toque não serão a forma como as pessoas interagirão com as máquinas no futuro?

O principal problema com o touchscreen é a falta de um bom software para reconhecer os toques e o seu custo elevado. Eu mesmo tenho um HP Touchsmart que a minha família mantém no balcão da cozinha: e é bem legal. Mas não há um futuro único para os computadores e, sim, vários. As telas estarão por toda parte: nas paredes, nos desktops. Até os jornais serão telas. O computador desaparecerá, sendo integrado a outros objetos.

Quando os PCs irão sumir?

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Eu previ há dez anos que os computadores sumiriam e agora parece que daqui a dez anos isso será verdade. Já até é um pouco: os computadores estão dentro de quase todas as coisas – de torradeiras e fornos a máquinas de lavar e tevês. Os automóveis podem ter até cem computadores neles. Nós não sabemos que eles estão lá – e é isso que significa um bom design.