Artur Grynbaum, presidente executivo do grupo Boticário, tem um desejo inusitado para 2013: poder passar pelo menos uma semana inteira em Curitiba. Nos últimos meses, sua agenda tem sido preenchida com reuniões em São Paulo, onde estão sediadas três novas unidades de negócios do grupo, e na capital paranaense, onde fica a sede. "Passo os dias entre Curitiba e São Paulo. Participo de tudo. Tem que acompanhar, principalmente nessa fase inicial. Ao mesmo tempo não podemos perder o foco da marca O Boticário", diz ele.
Nos últimos dois anos, o executivo conduziu uma guinada no grupo, que completou 35 anos em 2012. Abriu quatro novas unidades de negócios: a Eudora, que funciona em lojas, internet e venda direta, em 2011; e, em 2012, abriu a Skingen Inteligência Genética, a quem disse berenice?, com foco em maquiagem, e a loja multimarcas The Beauty Box. Decidiu construir um centro de distribuição e uma fábrica no Nordeste, que fica pronta no fim de 2013, e deu início à venda porta a porta da marca O Boticário.
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Mas engana-se quem acha que 2013 deve ser um período de ressaca de investimentos. A empresa prepara-se para expandir a fábrica de maquiagens em São José dos Pinhais, que vai dobrar a capacidade de produção, e não descarta aquisições no mercado. Para Grynbaum, "passou o tempo em que o consumidor tinha uma única marca para tudo" e o desafio das empresas está em diferenciar a oferta de produtos para o comprador.
O grupo lançou três novas unidades de negócios em apenas oito meses, está investindo em ampliações, com uma nova fábrica e um centro de distribuição na Bahia, colocou a marca Boticário também na venda direta. A empresa sempre foi relativamente conservadora na expansão. Ela não está indo rápido demais?
O grupo completou 35 anos em 2012 e agora nos sentimos maduros para dar os passos que damos. Não foi de uma hora para outra. Já vínhamos pensando em empreender em novos negócios há algum tempo. Mas esse tempo chegou agora. Levamos um ano e oito meses para colocar em prática marcas como quem disse, berenice? e a The Beauty Box. Foi o tempo em que o consumidor tinha uma única marca para tudo. Ele continua fiel, mas gosta de experimentar coisas novas.
A empresa vai anunciar novas unidades de negócios em 2013?
Não, o período agora é para expandir as unidades já existentes. Queremos manter uma taxa de crescimento de 14% a 20% ao ano nos próximos cinco anos. Não é uma tarefa fácil, porque nossa base está maior, mas queremos continuar a crescer acima do mercado.
Quais os planos para as novas marcas?
Para a quem disse, berenice? vamos abrir em mais quatro capitais. The Beuty Box terá mais três lojas em 2013. Ambos os planos incluem Curitiba.
Quais os planos de investimento para 2013?
Além da inauguração da fábrica e do centro de distribuição na Bahia, vamos dobrar a fábrica de maquiagem em São José dos Pinhais, com investimento de R$ 85 milhões. A capacidade de produção chegará a 75 milhões de itens por ano. Outros R$ 30 milhões vão para o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento (CPD).
Como os concorrentes reagiram ao ingresso do grupo na venda direta, com a Eudora e mais recentemente com a marca Boticário? Ser líder é uma meta?
Eles viram que estamos maiores e é natural que haja uma movimentação. Mas não temos ambição de sermos líderes em venda direta. Nunca quisemos ser a maior rede de franquias, mas isso ocorreu naturalmente. Queremos fazer um bom trabalho.
O grupo sempre descartou a possibilidade de abrir capital. Mesmo com o crescimento mais agressivo, essa posição se mantém?
Não temos a necessidade de abrir capital por uma questão financeira. Temos caixa para investir e acesso a financiamentos. E também não é uma opção estratégica.
O grupo chegou a sondar algumas empresas no mercado para compras, como a fabricante de perfumaria e cosméticos Jequiti e a de roupas Morena Rosa. Há interesse em aquisições?
Estamos sempre olhando. Mas há cada vez menos buracos em branco no mercado. O Brasil atrai investimentos tanto de empresas nacionais como estrangeiras.
Qual o papel da classe C nas vendas do grupo?
Vem crescendo, porque a marca Boticário é aspiracional. O aumento da renda trouxe novos consumidores. No passado tínhamos consumidoras que iam para a loja com o dinheiro economizado para comprar um determinado produto. E digo que não era o produto mais barato, não. Agora é diferente, essa consumidora tem mais renda e acesso a esse mercado. Além disso, há o aumento da expectativa de vida e as pessoas não querem chegar à velhice de qualquer jeito. A mulher que ganhou espaço no mercado de trabalho quer gastar com ela também. Esse processo ainda não se esgotou.
Economia | 3:20
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