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Crise no Mediterrâneo

O dia em que Chipre abalou o mundo

Em frente ao parlamento, população protestou contra o imposto sobre depósitos bancários | Yorgos Karahalis/Reuters
Em frente ao parlamento, população protestou contra o imposto sobre depósitos bancários (Foto: Yorgos Karahalis/Reuters)

O Parlamento do Chipre adiou para hoje a decisão de aplicar uma taxa sobre os depósitos bancários do país em troca de receber um resgate de credores internacionais. A indecisão preocupa o mercado financeiro.

Os credores internacionais exigiram a aplicação da taxa para conceder o empréstimo, de 10 bilhões de euros (R$ 26 bilhões), aprovado no sábado. A taxa adicionada inicialmente é de 6,75% para quem tem menos de 100 mil euros (R$ 260 mil) em conta e de 9,9% para os que superam este valor.

A notícia, que afetou as bolsas europeias (leia mais nesta página), provocou reações na região e uma teleconferência foi marcada ainda para a tarde de ontem.

Após duas horas de deliberações, os países da zona do euro pediram ao Chipre que baixe a taxa para depósitos de menos de 100 mil euros, inicialmente fixada em 6,75%, e aumente progressivamente as que superem este montante. O objetivo final é arrecadar 5,8 bilhões de euros, em troca do resgate de 10 bilhões de euros

Bancos fechados

O anúncio da taxação causou uma corrida aos bancos cipriotas. Devido a isso, o governo decretou feriado bancário e, segundo fontes do governo local ouvidas pelas agências de notícias Reuters e France Presse, o período de bancos fechados deverá se estender até quinta-feira.

O período de feriado bancário evitaria uma sangria no sistema financeiro durante o período em que se discute a aprovação do imposto, que encontra resistência da oposição e pode ser vetada. O governo local possui apenas maioria simples no Parlamento, com 29 de 56 cadeiras.

Ainda não há nenhuma sinalização de que algum governista possa trair a orientação geral da coalizão. Se isso acontecesse, seria criado um impasse que colocaria em risco a concessão do resgate financeiro.

Além dos cidadãos e da oposição, também ficaram irritados com a medida os russos, que possuem empresas e depósitos de pessoas físicas avaliados em US$ 19 milhões (R$ 36 milhões), de acordo com a agência de qualificação de crédito Moody’s.

O primeiro-ministro da Rússia, Dmitri Medvedev, chamou a medida de "confisco de fundos estrangeiros". "Não sei quem teve essa ideia, mas é com isso que se parece", disse, afirmando que poderia ajudar o Chipre pelo refinanciamento de um empréstimo concedido em 2011.

Segundo uma fonte não revelada, o Banco Central Europeu (BCE) concordou em fornecer ao Chipre liquidez necessária se um grande fluxo de saída de capital for observado quando os bancos abrirem novamente no país.

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