A voz dos empresários brasileiros, por décadas, teve nome e sobrenome: Antônio Ermírio de Moraes. Líder do Grupo Votorantim, um império com 96 empresas, fundado pelo pai, o empresário ganhou notoriedade pelos ideais nacionalistas e por defender o investimento e a produção industrial. Ermírio morreu na noite de domingo, aos 86 anos, em sua casa, de insuficiência cardíaca. O corpo do empresário foi enterrado ontem no cemitério do Morumbi, onde também estão sepultados os corpos dos filhos Mário e Carlos os dois vítimas de câncer, em 2009 e 2011.
Trabalho, para Antônio Ermírio, era uma religião a que ele se dedicou quase que integralmente, inclusive aos fins de semana e sem férias. A dedicação era total para manter o conglomerado que, no ano passado, faturou R$ 31,3 bilhões. Formado em Engenharia de Metalurgia na Colorado School of Mines (EUA), começou a trabalhar na empresa da família assim que voltou dos Estados Unidos nos anos 1940. Expandiu os negócios rapidamente e no início da década passada deu início ao processo de profissionalização das várias empresas do grupo, compartilhando o comando entre filhos e sobrinhos.
Hoje, a empresa tem 43 mil funcionários em mais de 20 países, mas Antônio Ermírio relutou à internacionalização. Por anos, criticou as multinacionais e dizia que, no dia em que investisse em outro país, deixaria de ser brasileiro.
Ele mostrava-se constantemente preocupado com a falta de rumo do país e com a ausência de uma política industrial. Reclamava dos juros altos cobrados pelos bancos e acusava o governo de dar tratamento privilegiado ao setor financeiro em detrimento da indústria e do comércio.
Ironicamente, mais tarde, ele próprio criou um banco. "Fico triste em ver que uma coisa tão fácil ganha mais do que um negócio que me tomou a vida inteira para trabalhar; um trabalhão de 50 anos", disse, comparando o banco Votorantim à Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), seu xodó entre os negócios do grupo.
Filantropia
Ermírio também foi um dos mais célebres exemplos de dedicação à filantropia no país. Primeiro, abraçou a área da saúde por meio de atividades à frente da Cruz Vermelha. Depois, assumiu o hospital Beneficência Portuguesa, de São Paulo, um dos maiores do País.