Espaços corporativos estão se multiplicando em Curitiba. Entre janeiro e dezembro desse ano, o total de salas desse tipo entregues para locação na capital paranaense vai chegar a 63 mil metros quadrados. O número é 600% superior ao registrado em 2012, que foi de 9 mil metros quadrados e ainda mais significativo considerando que há dez anos não havia empreendimentos com esse perfil na cidade.
Os dados são da CBRE, maior consultoria imobiliária do mundo. A empresa, com escritório em São Paulo, vinha atuando havia alguns anos em parceria com a Top Imóveis, imobiliária local especializada nesse setor. Mais recentemente, a CBRE voltou o radar para a capital paranaense com mais atenção. Hoje tem escritório próprio na cidade e administra alguns empreendimentos.
Salas corporativas têm padrão diferente dos espaços comerciais tradicionais. Além da metragem extensa no mínimo 400 metros quadrados , elas oferecem infraestrutura completa para o locatário.
Filosofia própria
"O corporativo é diferente dos demais segmentos imobiliários. É uma filosofia concebida desde o projeto do empreendimento", comenta Ralf Paciornik, diretor da Top Imóveis. "O espaço é entregue com piso elevado, central de ar, segurança, automação, portaria 24 horas e controle rígido de acesso, entre outros itens", exemplifica.
"Para receber o selo corporativo, mais de 400 fatores são analisados, incluindo elevador privativo, tamanho de garagem, metragem total e certificação de sustentabilidade", explica o consultor da CBRE Guilherme Meira.
De mudança
De acordo com Meira, o mercado está aquecido em Curitiba porque muitas corporações estão expandindo negócios para o Sul do país. Para instalar as filiais, buscam espaços com estrutura moderna e completa. "São empresas com nível alto de exigências", Ralf Paciornik.
É o caso da CGV Advogados Associados. O escritório, com sede no Rio de Janeiro e filial em Curitiba desde 2011, está no Neo Corporate há dois meses. "Precisávamos de um espaço maior", diz a advogada coordenadora, Larissa Hipólito. Antes de alugar a sala corporativa, o escritório ocupava uma sala comercial de 60 metros quadrados.
Soluções modernas
Para a incorporadora Partilha, que está saindo de uma casa comercial em bairro também para espaço no Neo, a flexibilidade dos espaços corporativos é ponto a favor o locatário pode ficar com parte da laje ou com toda ela, e criar divisões internas de acordo com a necessidade da empresa. "As soluções construtivas modernas proporcionam rápida adaptação a novos layouts de trabalho", comenta Carlos Kruk, superintendente executivo da Partilha Empreedimentos Imobiliários.
Segmento exige experiência
No segmento dos corporativos, os negócios em Curitiba vão bem, obrigado. É um mercado especializado que demanda experiência, contatos de alto nível e conhecimento do setor, além da confiança dos investidores por isso, dominado por pouquíssimas empresas.
Os humores do mercado fazem diferença. Ralf Paciornik, da Top Imóveis, observa que o primeiro semestre de 2013 foi ruim. "Muitas empresas do exterior se retraíram com os manifestos de rua e os prognósticos pessimistas sobre a economia brasileira", explica.
O mercado de imóveis corporativos vive de mecanismos próprios. Não tem estabilidade e experimenta "sobressaltos", para os quais a administradora deve estar preparada, diz Paciornik. "São pulos grandes, porque cada negócio envolve muitos metros quadrados e altos valores", comenta.
Para equilibrar o começo de ano "parado", o último trimestre de 2013 e o início de 2014 são promissores para a Top Imóveis. "Estamos com 15 mil metros quadrados em negociação e há mais perspectivas", afirma Paciornik. A empresa tem 25 anos de atuação e, sozinha, responde por 80% do segmento de corporativos para locação na capital.
Do lado da CBRE as notícias também são boas. Dos 8,8 mil metros quadrados de salas corporativas do Neo Corporate, administradas pela empresa, 25% estão ocupadas. "Até o fim do ano pretendemos alugar todas", diz Felipe Sanchez Nocilli, consultor da CBRE. O presidente mundial do grupo CBRE, Bob Sulentic, disse em visita recente ao Brasil que está otimista com o mercado local. De acordo com ele, apesar da desaceleração do crescimento da economia brasileira, as perspectivas para o mercado são positivas.
Colaborou Lucas Gabriel Marins, especial para a Gazeta do Povo