Berlim O sonho de todo tecnofã é que alguém faça tudo por ele. Levantar do sofá, só em caso de emergência. E o futuro da convergência digital se encaminha para isto. A IFA, um dos maiores eventos de tecnologia de consumo do mundo, mostrou há pouco em Berlim mil maneiras de transformar aparelhos em maravilhas como a Jeannie (do seriado de TV "Jeannie é um gênio"), que tudo resolvia para seu amo. Só não mostrou um jeito de percorrer 26 pavilhões de feira de tecnologia espalhados por uma área equivalente a alguns Riocentros sem desgastar os pobres joelhos.
A feira tinha de tudo: pavilhões de tecnologia de computadores, celulares, automóveis e exibições especiais sobre circuitos. No dos celulares, a Antig, empresa de Taiwan, mostrava um protótipo de bateria de celular movida a... metanol. Se vingar, é o caminho para tornar os celulares realmente móveis, porque o carregador com fio ainda nos prende à tomada na parede. "Já temos um mecanismo externo que virou produto e é usado em notebooks", disse a executiva de marketing da Antig, Linnet Tsai. "O de celular também ainda é um modelo externo, mas estamos aperfeiçoando uma versão interna."
Essa bateria, dependendo do modelo de celular e sua eficácia em termos de consumo energético, poderia durar de três a cinco dias. No pavilhão de computadores, havia um concurso de casemods. Havia CPUs inacreditáveis, em forma até de monstro alienígena do filme "Predador". Outros formatos criativos eram: pneu, foguete, rádio antigo, motor de avião, engradado de cerveja (!) e cenário de "Doom".
Digital lifestyle
As atrações principais da IFA, porém, estavam nos estandes gigantescos da parte de eletrônica de consumo doméstico. O estande que ofereceu o mais completo vislumbre do futuro foi o da Philips, que em vez de exibir produtos criou situações do que batizou de "estilo de vida digital". Num simulacro de sala de estar, uma bela morena se preparava para receber os amigos para jantar. Com o mesmo controle remoto, ela passava fotos de uma televisão de alta definição para um porta-retratos digitais. Tudo sem fio, comunicando-se por wi-fi. No mesmo cenário, o controle remoto acionava via TV efeitos de luz cambiantes e música numa mesa decorativa, cujas cores podiam ser mudadas aproximando-se a mão. Em outra sala, um rapaz selecionava, num centro de mídia dentro da tela do televisor, sua coleção de CDs, escolhendo um para tocar.
Por trás dessas genuínas casas do futuro, há tecnologias novíssimas com nomes como Near Field Communications (algo como comunicação via proximidade de campo) e o CE-HTML (a velha linguagem de marcação de hipertexto, usada para construir sites, só que turbinada e voltada para eletrônica doméstica). Tudo ainda em protótipos.
Tinha mais. Imaginem um sofá cujo encosto seja na verdade um... monitor, para o qual se pode transmitir animações coloridas ou mesmo estampar o horário em formato digital. Havia também o monitor-jaqueta, capaz de receber mensagens SMS ou MMS.
E estava lá a Entertaible, mesa com um monitor fazendo as vezes de tampo e tabuleiro de jogos virtuais. O mais popular era uma espécie de futebol de botão. Os jogadores usavam peças reais para chutar e defender uma bola virtual. E, se se colocasse um objeto sobre a mesa (um copo, um celular), a pelota virtual esbarrava nele e se desviava.
Outras maravilhas podiam ser vistas no estande da Toshiba. A tecnologia Flash Motion Image Synthesis era uma delas. Trata-se de uma técnica que permite a filmadoras digitais capturarem uma cena quadro a quadro. No mesmo estande, o robô doméstico ApriAlpha atendia a comandos de voz, localizando a pessoa que lhe falava, e obedecia, ligando a TV.