O volume e a receita das exportações brasileiras e paranaenses de frango foram recordes no primeiro semestre deste ano, surpreendendo o próprio setor. Os números bateram os do primeiro semestre de 2005, considerados excepcionais. No Paraná, conforme dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, a receita aumentou 44,61% e o volume exportado, 22,16%. As exportações passaram de 320 mil para 392 mil toneladas, na comparação entre os seis primeiros meses de 2006 e os de 2007. A receita passou de R$ 356 milhões para R$ 516 milhões.
O estado é o que exporta mais frango, com Santa Catarina logo atrás. Os catarinenses exportaram 387,1 mil toneladas no primeiro semestre (1,3% a menos que o Paraná) e arrecadaram US$ 530,3 milhões (2,7% a mais), segundo o Ministério. O Paraná exporta mais frango inteiro que Santa Catarina, agregando menos valor ao produto.
Os números estaduais devem ser divulgados apenas hoje pelo Sindicato e Associação dos Abatedouros e Produtos Avícolas do Paraná (Sindiavipar). O presidente do Sindiavipar, Domingos Martins, admitiu ontem que a exportação de frango do Paraná foi recorde, mas não quis adiantar detalhes nem comentar os dados já disponíveis no endereço eletrônico do Ministério.
A tendência é de que a produção de carne de frango cresça ainda mais no estado. Só a Coopavel, de Cascavel (Oeste), quer dobrar sua capacidade de abate até o ano que vem, passando a industrializar 280 mil aves por dia. Para isso, investe R$ 62 milhões. Os criadores também terão de dobrar a capacidade dos 200 aviários em funcionamento. O presidente da cooperativa, Dilvo Grolli, afirma que o frango brasileiro ganha espaço internacional por ser mais competitivo, e que a industrialização da carne tende a elevar as receitas com as exportações.
Mais renda
As exportações brasileiras estão aumentando apesar de a gripe aviária provocar redução no consumo de aves em alguns países desde 2006.
De acordo com a Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frango (Abef), os embarques atingiram 1,544 milhão de toneladas no primeiro semestre, aumento de 24,4% sobre o mesmo período de 2006. A receita cambial no período foi US$ 2,145 bilhões, com incremento de 47%.
No primeiro semestre de 2005, o volume de frango que o Brasil embarcou foi de 1,351 milhão de toneladas e a receita atingiu US$ 1,459 bilhão 47% a menos que nos primeiros seis meses deste ano. O melhor desempenho da receita com relação aos embarques deve-se ao preço recorde alcançado pela carne de frango exportada pelo Brasil no primeiro semestre, de US$ 1,51 o quilo. Neste valor estão embutidas a alta provocada pela demanda aquecida no mercado internacional e o aumento dos preços do milho, um dos principais insumos na produção do frango.
"É o maior preço de todos os tempos, mas em contrapartida temos um câmbio muito fraco", comparou o presidente interino da Abef, Christian Lohbauer. O câmbio médio do semestre ficou em R$ 2,04, segundo a Abef, ante R$ 2,18 em 2006 e R$ 2,44 em 2005.
Diante do desempenho verificado nos seis primeiros meses do ano, Lobhauer acredita que as projeções iniciais da entidade para 2007 serão superadas. Ele, entretanto, não divulgou novas estimativas. No início do ano a Abef previa embarques de 2,85 milhões de toneladas e receita de US$ 3,42 bilhões. "Esses números devem ser facilmente superados já que o segundo semestre é sempre melhor que o primeiro", afirmou.
Destino certo
Os embarques para a União Européia (UE) e o Oriente Médio puxaram o resultado do semestre e compensaram com folga a queda nas vendas para a Rússia, quarto maior comprador individual de carne de frango brasileira. Os embarques para a UE somaram 271.475 toneladas, alta de 53,7% ante o primeiro semestre de 2006. A receita foi de US$ 576,7 milhões.
Para o Oriente Médio os embarques totalizaram 461,8 mil toneladas (+56,2%) e a receita ficou em US$ 573,8 milhões (+83,2%). Para a Rússia, os embarques caíram 13,2% para 88.361 t, mas a receita aumentou 13% para US$ 115,74 milhões ante o primeiro semestre do ano passado. Lohbauer não crê que as vendas para a UE repitam o mesmo desempenho no segundo semestre por conta do início do regime de cotas, em 1.º de julho, que limita as exportações brasileiras para o bloco. Mas as exportações para outras regiões, como o Oriente Médio, devem continuar firmes.