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Roda de viola no acampanento do FSM em Belém: será que eles estão tocando Raul? | Agência Brasil
Roda de viola no acampanento do FSM em Belém: será que eles estão tocando Raul?| Foto: Agência Brasil

As oito edições do Fórum Social Mundial (FSM) "avisaram" o mundo sobre o colapso do modelo econômico que gerou a crise econômica internacional que os mercados vivem atualmente. A avaliação é de Oded Grajew , um dos idealizadores do FSM. Ontem, ele participou de entrevista coletiva em Belém. Até domingo, a capital paraense será a sede da reunião.

Grajew rebateu as críticas de que o FSM é uma instância de reclamação, que não propõe soluções. Segundo ele, as alternativas foram apontadas ao longo dos anos, mas não tiveram repercussão entre os responsáveis pelas políticas públicas e pelos investimentos mundiais.

"Diziam que os recursos eram limitados. Agora na crise, de repente, apareceram trilhões de dólares para socorrer montadoras, bancos e empresas falidas e que poderiam ter sido usados para combater a pobreza, melhorar a saúde, a educação", argumentou.

Na avaliação de Grajew, o dinheiro repassado atá agora a empresas e instituições financeiras para amortecer os impactos da crise seria "mais que suficiente" para combater a fome, a pobreza e melhorar o acesso à saúde e à educação no planeta.

O ativista atribuiu parte da falta de visibilidade para as propostas do Fórum à cobertura da imprensa, que, segundo ele, tenta "folclorizar’’ a reunião.

A representante do Fórum Social Europeu, a italiana Rafaela Bolini, lembrou que, nas primeiras edições do evento, os movimentos sociais e organizações da sociedade civil que "denunciavam a globalização neoliberal e o mercado capitalista" sofreram criminalização e até repressão política. "E a denúncia era verdade. A denúncia dos perigos para a humanidade, para o planeta e para a natureza era verdadeira. E estamos aqui porque essa realidade precisa ganhar visibilidade", enfatizou.

Um dos desafios do FSM, segundo Rafaela, é evitar a fragmentação e construir propostas e alternativas à crise. "A solução para esta crise não será real se vier dos mesmos que a criaram", avaliou.

América Latina

A nona edição do Fórum Social Mundial reunirá os cinco principais presidentes de esquerda da América Latina. Mas eles devem encontrar um clima de cobranças sobre a crise econômica global e a preservação da Amazônia, afirmam os organizadores do encontro.

Estão confirmados para participar do evento, além do brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, Hugo Chávez (Venezuela), Evo Morales (Bolívia), Rafael Correa (Equador) e Fernando Lugo (Paraguai).

Eles devem ficar na capital paraense entre os dias 29 e 30 deste mês. Antes, o maior número de presidentes reunidos em só um fórum ocorreu em 2005, em Porto Alegre (RS), com Lula e Chávez.

"Mas não são eles que dão legitimidade a nós", disse o sociólogo Cândido Grzybovski, do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase) e também membro do Conselho Internacional do Fórum. "Somos nós é que damos legitimidade a eles", afirmou.

De acordo com ele, os presidentes foram convidados para responder sobre o que planejam fazer diante dos dois principais temas do fórum deste ano: a "falência" do sistema financeiro mundial e a busca de alternativas de desenvolvimento sustentável – daí a escolha da Amazônia como sede.

Segundo Oded Grajew, os governantes sempre atraem a mídia, o que gera visibilidade. "Mas toma um espaço desproporcional, deixando debates de altíssimo nível em segundo plano." Grajew disse que a presença de presidentes mostra a importância que o fórum conquistou. "A vinda de Lula é uma sinalização", afirmou.

Para Grzybowski, indica "que o fórum não está morto, como disseram um tempo atrás".

A presença de presidentes é polêmica entre os organizadores. Para alguns, ela rompe com o caráter apartidário do fórum. Para outros, essa associação permite que as resoluções do encontro tenham resultados práticos.

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