Curitiba – As ações tomadas pelo governo paranaense para informar sobre os casos suspeitos de aftosa e isolar as propriedades ajudarão no combate à doença, caso ela se confirme no estado. A opinião é do secretário nacional de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Gabriel Maciel, que esteve em Curitiba sábado e ontem, para "conhecer os procedimentos e dar suporte às ações do estado".

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Em entrevista à Gazeta do Povo, Maciel, no cargo há oito meses, afirmou que o governo federal não perdeu o controle sobre a aftosa e revelou que a verba de R$ 1,5 milhão recusada pelo governador Roberto Requião ficará no Paraná, para um plano emergencial de combate à doença nas fronteiras do estado com Paraguai e Argentina.

Gazeta do Povo – A confirmação de dez focos em Mato Grosso do Sul e a suspeita em quatro fazendas do Paraná significam que a febre aftosa fugiu ao controle das autoridades sanitárias?Gabriel Maciel – Não. Até porque a questão do Paraná não é nova, mas uma continuação do foco de Mato Grosso do Sul, já que tudo indica que os animais contaminados vieram de lá. Mesmo naquele estado, os focos se concentram em uma área delimitada, interditada e sob controle.

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Como o senhor avalia as ações que estão sendo tomadas pelo governo do Paraná para combater a febre aftosa?São ações muito rápidas, transparentes e competentes. O estado é o único que tem um sistema de dados informatizado, a Guia de Trânsito Animal, que lhe permitiu localizar todos os animais vindos de Mato Grosso do Sul nos últimos 60 dias. Com isso, o Paraná isolou rapidamente e colocou em observação as 43 propriedades que receberam esses animais. Isso, sem dúvida, ajudará muito no combate à doença, se ela se confirmar. Inclusive, estamos começando a levar para os outros estados esse sistema informatizado que foi implantado aqui com recursos do estado e do ministério.

Como o senhor responde às críticas de que o governo federal falhou no trabalho de sanidade animal? Qual o valor efetivamente gasto no combate à aftosa neste ano?A Secretaria tem neste ano um orçamento de R$ 91 milhões. Desse volume, 60% já foram empenhados e R$ 38 milhões foram para o combate à aftosa. O dinheiro é pouco, faz falta, mas não é a causa fundamental [do ressurgimento da aftosa] . O problema não é só de quantidade, mas da hora que o dinheiro sai. Precisamos no início do ano, mas ele só chega no final. Precisamos preparar a defesa sanitária para os próximos 20 anos e, agora, não podemos perder o rumo.

O governador Roberto Requião devolveu a verba de R$ 1,5 milhão liberados pelo ministério, por considerá-la insuficiente. Onde esse dinheiro será usado?O governador é muito espontâneo. Mas a responsabilidade da execução dos programas de vacinação é dos estados. Esse dinheiro vai ficar aqui mesmo no Paraná. Vamos utilizá-lo num plano emergencial de fronteiras. Falei com o meu colega paraguaio sobre isso. Não é hora de jogar responsabilidade e procurar culpados, porque o vírus da aftosa não reconhece fronteiras.