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CRISE MUNDIAL

O pesadelo já dura três anos

No cinema, o Lehman Brothers virou “Banco do Mal”: da História para a cultura popular | Reproduçao
No cinema, o Lehman Brothers virou “Banco do Mal”: da História para a cultura popular (Foto: Reproduçao)
Roubini:

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Roubini:

No desenho animado Meu Mal­­vado Favorito, o personagem Gru precisa urgentemente de dinheiro para realizar seu plano mais malévolo: roubar a Lua. Para isso, faz o que qualquer outro vilão em seu lugar também faria – pede um financiamento, é claro. Ao Banco do Mal, ex-Lehman Brothers. É o que está escrito na porta.

O caso do desenho mostra como o fim do Lehman, que foi um dia o quarto maior banco de investimentos dos Estados Unidos, passou da História para a cultura popular. Há ainda um intenso comércio de itens ligados à instituição em sites como o eBay, no qual os usuários vendem todo tipo de mercadoria diretamente aos clientes – negócio que até hoje é uma fonte de renda para ex-funcionários do Lehman, que limparam suas gavetas há três anos, em 15 de setembro de 2008.

Mas qual será o tamanho da crise que o Lehman simboliza? Será a crise de 2008 ou algo maior?

Especialistas mundo afora são unânimes em apontar a correlação entre aquele episódio e a crise que se desenrola agora. As principais economias do planeta, observam eles, ainda não se recuperaram do impacto daqueles dias turbulentos. "É preciso restaurar o crescimento econômico. É preciso fazer isso agora, não daqui a cinco anos", disse, em uma entrevista recente, o economista Nouriel Roubini. Dono de uma companhia de pesquisa e análise de mercado, o americano (nascido na Turquia) Roubini emergiu da crise como um dos principais gurus financeiros do momento – afinal, foi a voz solitária que previu as dificuldades que seriam causadas pela inadimplência das hipotecas subprime, nos EUA. "No curto prazo, precisamos de estímulos maciços, caso contrário haverá uma outra Grande Depressão", profetiza.

Os estímulos do passado, entretanto, estão entre as causas da encrenca atual. "A crise de 2008 obrigou os governos a fazerem políticas expansionistas para aumentar a demanda", observa Marcelo Luiz Curado, professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e coordenador de um projeto de pesquisa sobre as crises financeiras e o papel da política econômica. Essas políticas expansionistas incluem aumento de gastos estatais e a redução de impostos. No Brasil, essas medidas incluíram, por exemplo, a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre automóveis e eletrodomésticos da linha branca, por exemplo.

Essa receita clássica tem o efeito colateral de prejudicar as contas públicas. Foi o que ocorreu com os EUA, que viram a classificação de risco de sua dívida ser rebaixada pela primeira vez na história, semanas atrás.

A prevenção de novas crises e a solução para elas está, de acordo com os observadores, na capacidade de fechar as fontes de problemas do passado. O problema é que isso não aconteceu. "Um dos fatores que agravou a crise em 2008 foi a falta de regulação dos bancos, que levou à quebra do Lehman", observa o economista Carlos Magno Bittencourt, professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). "Mas isso não foi corrigido até agora."

Um exemplo. Na quinta-feira, o banco suíço UBS divulgou que operações feitas por um único corretor, o ganense Kweku Adoboli, pode ter levado a instituição a perdas de até US$ 2 bilhões em sua filial britânica. "É um sinal assustador de que muita coisa continua errada", diz Bittencourt.

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