Curitiba Por duas vezes, durante a década de 1970, o fornecimento do "ouro negro" foi abruptamente reduzido, o que levou as principais economias mundiais a uma longa recessão. A maior cotação do barril naquele período foi atingida em 1980 e, quando corrigida pela inflação americana, fica próxima de US$ 90. Comparando o valor com os US$ 70 da semana passada, parece que uma nova crise está muito próxima. Há razões, porém, para sustentar que o mundo não entrou em uma nova crise do petróleo. Ainda não.
A composição da matriz energética mundial mudou após os choques da década de 70. O petróleo perdeu espaço para outras fontes. Em 1980, ele respondia por 46% de toda a energia gerada no planeta, segundo dados da EIA, agência do governo americano de informações sobre o setor. Hoje, essa participação é de 38%. Nos últimos 25 anos, aumentou a busca por alternativas. As duas mais bem-sucedidas no período foram o gás natural e a nuclear.
Por razões ambientais, a aposta na área energética é mais forte sobre o gás. As reservas mundiais são mais abundantes do que as de petróleo, sua queima gera menos poluentes do que outros combustíveis fósseis e o risco é menor do que o implicado na construção de uma usina nuclear. Além disso, uma nova tecnologia resolve com o principal entrave para que ele superasse o óleo: o transporte.
Até o início da década, o uso do gás estava restrito a regiões próximas do ponto de extração, pois o produto precisava ser escoado por dutos. A novidade é que as companhias petrolíferas estão investindo em um sistema que congela o gás para que ele possa ser embarcado em navios. Assim, é levado para mercados grandes, como o Japão. "Essa é a grande tendência no momento", afirma o analista Adriano Pires Rodrigues, do Centro Brasileiro de Infra-estrutura (CBIE).
Nenhuma análise sobre este cenário cogita a chegada de uma recessão global porque o petróleo está valorizado. "A menor dependência desta matéria-prima como fonte de energia é uma das explicações para que a economia mundial se comporte bem diante do preço cada vez mais perto da marca de 1980. A mudança é importante, mas houve outra mais profunda nos últimos 25 anos. O desempenho econômico hoje está mais calcado no conhecimento e em microchips.
Há ainda um terceiro fator que diferencia a situação atual das crises da década de 70. Não houve choque de oferta, como 30 anos atrás, quando o cartel dos grandes produtores de petróleo forçou a alta dos preços. Agora é a demanda de economias em crescimento que responde por parte da valorização.
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