O utilitário esportivo Duster, que começa a faltar nas lojas devido à parada na fábrica da Renault| Foto: Divulgação/Renault

Montadoras

Setor automotivo dá sinais de retomada da produção

Depois de amargar um péssimo final de ano, a produção do setor automotivo em janeiro bateu o recorde para o mês. Segundo dados da Associação Nacional dos Fabricantes de veículos Automotores (Anfavea), divulgados ontem, foram produzidas 279,3 mil unidades, 31,9% a mais que em janeiro de 2012. Em relação a dezembro, o aumento foi de 7,7%. Por causa dos estoques, muitos consumidores conseguiram comprar veículos com preços antigos, sem a nova remarcação do IPI, cuja alíquota deve subir gradualmente até o meio do ano. O resultado foi um aumento de 16% nas vendas em relação a janeiro de 2012, com 311,45 unidades comercializadas. No balanço do mês de janeiro, a Renault registrou um crescimento de 3,7% nas vendas em relação ao mesmo período do ano anterior, com 17.231 unidades emplacadas. A montadora atribui o crescimento às vendas do Sandero, que lidera as vendas da marca, e do utilitário esportivo Duster, que já começa a faltar nas concessionárias em razão da interrupção temporária de oito semanas na fábrica para readequação da linha de produção. A Nissan do Brasil iniciou o ano com 7.453 unidades vendidas em janeiro e afirma que o número está de acordo com a meta da empresa. Um dos principais destaques da linha no período foi a picape média Frontier, que teve aumento de 25,9% nas vendas em comparação com janeiro de 2012.

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Só quatro estados se saíram bem

A indústria nacional também teve desempenho fraco, com recuo de 2,7% na produção, o pior resultado desde 2009. Nove das 14 regiões pesquisadas pelo IBGE apresentaram retração. O pior resultado foi do Amazonas (-7,0%), seguido do Espírito Santo (-6,3%), Rio de Janeiro (-5,6%), Paraná (-4,8%), Rio Grande do Sul (-4,6%) e São Paulo (3,9%) que registraram quedas acima da média nacional. Santa Catarina (-2,7%), Ceará (-1,3%) e Pará (-1,1%) também apresentam recuo.

Por outro lado, Bahia (4,2%), Goiás (3,8%), Minas Gerais (1,4%) e Pernambuco (1,3%) apareceram no contrafluxo, registrando alta na produção industrial em 2012.

A produção industrial do Paraná encolheu 4,8% em 2012 e fechou o ano com o pior resultado da série histórica desde 1998, segundo dados da Pesquisa Industrial Mensal realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com retração de 28,3%, o mês de dezembro contribuiu decisivamente para que o Paraná amargasse a quarta pior posição do país entre as 14 regiões avaliadas – atrás média nacional, que ficou em -2,7%.

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INFOGRÁFICO: Veja como ficou a produção industrial de dezembro de 2012

Das 14 atividades pesquisadas pelo IBGE, oito apresentaram queda em 2012, com destaque para o setor o setor de veículos automotores (-16,2) e de edição e impressão (-14,4%). Em dezembro do ano passado, em relação ao mesmo mês de 2011, esses dois setores impactaram negativamente a média nacional, apresentando recuo de 57,3% e 73%, respectivamente. Na contramão, madeira (24,7%) e refino de petróleo e produção de álcool (12,3%) tiveram as principais altas.

Para Gilmar Mendes Lourenço, do Ipardes, o fator que mais impactou negativamente a retração da indústria no estado foi a queda na produção de automóveis, caminhões e ônibus, que desacelerou toda a cadeia produtiva do setor no estado. Mais especificamente, ele destaca a parada de oito semanas na fábrica da Renault e a queda de 17% nas vendas de caminhões da Volvo.

Segundo Lourenço, o enfraquecimento da demanda internacional, principalmente da crise na Europa, estagnação nos EUA e Japão e desaceleração da China, e a queda de competitividade das exportações brasileiras em função do câmbio desfavorável (entre R$ 2 e R$ 2,05), que acabou favorecendo as importações, complicaram o cenário da indústria nacional. "A resposta que a economia brasileira deu aos estímulos oferecidos pelo governo, sobretudo na questão do IPI e da desoneração fiscal da folha de pagamento, não foi satisfatória e isso se refletiu também aqui no Paraná", disse.

Para o diretor da Grow Investimentos, Rogério Garrido, o hiato da produção ajuda a explicar a queda da produção no estado e na indústria nacional, de forma geral. "O governo cria medidas anticíclicas estimulando o consumo exagerado. As indústrias produzem muito para atender a demanda, mas depois são obrigadas a reduzir drasticamente a produção", afirma. Garrido, acredita que nos próximos seis meses a produção vai continuar em ritmo lento. "Vai demorar um pouco mais para que o ciclo dos estoques chegue ao fim e para que as pessoas consigam reequilibrar o seu orçamento e voltar a consumir".

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Crescimento deve vir em abril

Para o diretor do Ipardes, Gilmar Mendes Lourenço, o resultado de 2012 não significa que a indústria paranaense está em crise, mas está no ciclo da entrega dos estoques. A retomada provavelmente começará a partir de abril, diz ele. Por causa da base de comparação elevada do final de 2011 e começo de 2012, a retração deve continuar nos três primeiros meses do ano. Além disso, o cenário mundial é menos sombrio do que foi em 2011 e 2012. Ele também destaca a retomada da produção industrial no estado com a maturação dos investimentos do Programa Paraná Competitivo – estruturado desde o começo de 2011, e que já contabiliza mais de R$ 20,0 bilhões em projetos industriais. "O amadurecimento desses projetos depende de um ambiente favorável interna e externamente. O grande trunfo foi atrair esses investimentos num momento desfavorável da economia. Para que eles se concretizem é preciso reverter esse quadro desfavorável da economia e retomar a produção", afirma Lourenço.