Quando o cardeal carmelengo se dirigir ao conclave na próxima terça-feira e pronunciar as palavras "extra omnes" ("todos fora"), as portas da capela Sistina serão fechadas e os 115 cardeais que vão escolher um entre eles para ser o próximo papa estarão totalmente isolados do mundo exterior. Nada de celulares, tablets ou redes sociais ferramentas que passaram a fazer parte do dia a dia de muitos dos homens mais poderosos da Igreja Católica.
Apesar do isolamento momentâneo, especialistas em Vaticano acreditam que as redes sociais podem influenciar, ainda que marginalmente, a escolha do papa. Quando Bento XVI foi eleito sucessor de João Paulo II, em abril de 2005, o Facebook ainda se chamava The Facebook e era uma rede social exclusiva para universitários americanos, com um milhão de usuários hoje são mais de um bilhão. O primeiro protótipo do Twitter apareceria apenas um ano depois, em março de 2006.
Este é, portanto, o primeiro conclave da era das mídias sociais. "Nem todos os cardeais gastam o tempo livre atualizando o status do Facebook ou escrevendo tuítes, é óbvio, mas eles e as pessoas ao redor deles certamente estão atentos ao que está sendo dito sobre os candidatos a papa durante esse período [pré-conclave]", escreveu John Allen, jornalista americano do site National Catholic Reporter, colaborador da CNN e autor de livros sobre a Igreja Católica, como Opus Dei, mitos e realidade e Conclave.
"Papômetro"
O site New Advent criou até um "papômetro" calculado de acordo com a exposição, influência e visibilidade dos cardeais na internet, ajustado diariamente baseado nos resultados do Google em diversos idiomas. Quem lidera o ranking é o italiano Angelo Scola, seguido do africano Peter Turkson e do filipino Luis Tagle. Dois brasileiros estão entre os 15 primeiros da lista: João Bráz de Aviz (12º) e Dom Odilo Scherer (15º).
Quando o nome do novo papa for anunciado, informações sobre ele vão "explodir" na timeline de milhões de usuários do Facebook e do Twitter. Para a maioria desses usuários, será a primeira vez que ouvirão o nome do homem eleito. "O anúncio é uma história que dura três segundos", diz o blogueiro Rocco Palmo, um famoso vaticanista americano, "o que importa é o que vai acontecer assim que o nome dele começar a circular".
TuiteirosDos 115 cardeais, 10 possuem contas pessoais no Twitter
Dos 115 cardeais reunidos em Roma, pelo menos 10 possuem uma conta pessoal no Twitter, entre eles o brasileiro Dom Odilo Scherer (@DomOdiloScherer). Vários deles têm programas de tevê ou rádio postados no YouTube. O Vaticano tem também o seu aplicativo exclusivo para Android e iOS (o The Pope App) e a conta do papa no Twitter (@Pontifex), criada no fim do ano passado, possui mais de 1,6 milhão de seguidores. No momento, a conta está em "sede vacante" (trono vazio), e o novo papa passará atualizará o twitter, se assim desejar. Nos últimos anos, a Igreja vem dando cada vez mais atenção ao mundo virtual. Em janeiro, o papa emérito Bento XVI defendeu o uso das redes sociais para espalhar a fé católica pelo mundo, afirmando que "o ambiente digital não é um mundo paralelo ou puramente virtual, mas é parte da experiência diária de muitas pessoas, especialmente dos jovens."