A troca na presidência do país, se confirmada nas próximas semanas, abre uma oportunidade para que a economia brasileira finalmente pare de cair. Há três razões para isso: o fim do impasse político que atrapalha o debate sobre ajustes econômicos, a mudança no humor de investidores e empresários, e a implantação de uma política mais convincente, com nomes de peso na equipe econômica.
Das três razões, só a política mais convincente tem impacto de longo prazo. Sem boas propostas, não há pacto político que resolva. O mesmo vale para o humor do mercado e do empresariado, que não resiste a tropeços na condução da economia.
As projeções de mercado que levam em conta dois cenários, um com Dilma Rousseff e outro com Temer no comando do país, consideram que a recessão neste ano será menor com o impeachment. As contas públicas tendem também a ter um rombo menor, com uma recuperação mais rápida do superávit primário. A estabilização da economia poderia começar no segundo semestre, com algum crescimento já em 2017 (hoje, o mercado projeta, na média, um crescimento de somente 0,2% no ano que vem, mas o índice tem tendência de queda).
Se conseguir montar uma equipe econômica de primeira linha, com mudança substancial no Banco Central e na Fazenda, o governo Temer teria de fazer o que Dilma não conseguiu: dar apoio político à aprovação das propostas que virão. Entre elas, estão a desvinculação de gastos do orçamento para que o ajuste fiscal se acelere, inclusive neste ano, e a reforma da Previdência.
Essas são duas propostas que já estão sendo apresentadas aos poucos pela equipe que assessora Temer e teriam dois efeitos benéficos: tirar a pressão da inflação e permitir a redução dos juros. Com isso, a melhora de confiança que veremos no início do novo governo deve engrenar, fazendo com que o investimento volte aos poucos a crescer.
Os riscos ao plano Temer na economia não são pequenos. Não será fácil convencer o Congresso a votar algumas propostas – no ano passado, vários ajustes saíram bastante enfraquecidos da votação. Evitar a mutilação de projetos e fazer com que eles sejam rapidamente aprovados são os grandes desafios de um novo governo.
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