Resoluções
Confira os sonhos que alguns paranaenses esperam realizar em 2011:
"Eu quero comprar um apartamento e estou há dois anos economizando. Agora que o trabalho está dando certo, quero comprar o apartamento até o fim do ano. Acho que todo brasileiro tem algumas dificuldades, mas está tudo indo bem para mim, e parece que só vai melhorar."
Thiago Leal Simplício, promotor de eventos.
"Já estou fazendo uma poupança e, quando tirar a minha carteira, eu compro o meu carro. Acho que as coisas vão ficar melhor no Brasil, e assim compro o carro até o fim do ano. Hoje há mais facilidade para comprar as coisas, mas para sustentar uma família precisa ganhar muito bem."
Thaysa Cristina Ribeiro, estudante
"Já estou fazendo o meu pé de meia para comprar um caminhão faz algum tempo. Acho que 2011 vai ser um ano de renovação, tomara que as coisas mudem para melhor e eu consiga comprar. O modelo que eu quero é um pouco caro, mas estou juntando e acho que consigo comprar."
Eliane Leite, motorista
"Tenho guardado dinheiro todo mês, mas ainda não tenho previsão para comprar a minha casa própria. Quero uma com pelos menos cinco cômodos, sendo três quartos. Quando der, eu vendo o carro e dou entrada na casa. Acho que, para se sustentar, o brasileiro deveria ganhar no mínimo R$ 2,5 mil."
Anderson Bogado da Gama, metalúrgico
Comprar a casa própria, progredir na vida por meio de um emprego melhor e pagar as dívidas são os principais desejos dos paranaenses, segundo levantamento feito pela Paraná Pesquisas a pedido da Gazeta do Povo. Quase 60% deles sonham com pelo menos uma dessas realizações, segundo o instituto, que ouviu 1,8 mil pessoas em 70 municípios do estado.
A aquisição do imóvel lidera a preferência, com 32% de participação, seguida por conseguir um emprego melhor (16%). Liquidar os débitos ficou em terceiro lugar, com 10%, superando até mesmo desejos como fazer uma faculdade (9%), comprar um automóvel (7%) ou fazer uma poupança (5%).
Para o diretor da Paraná Pesquisas, Murilo Hidalgo Lopes de Oliveira, a compra da casa própria é um "sonho eterno" do brasileiro, o que deve propiciar mais um ano aquecido para o mercado imobiliário. Por outro lado, o crédito farto vem provocando o aumento do endividamento da população, o que também fica evidente no levantamento, com o desejo de honrar os compromissos, declarado por um em cada dez entrevistados.
Há diferenças, ainda que sutis, entre o que é prioridade entre os mais ricos e os mais pobres. Entre os de menor renda, é maior a proporção dos que sonham com a casa própria e um emprego melhor. Já entre os que têm mais renda, é mais expressiva a preocupação com fazer uma poupança, comprar um carro e formar os filhos. Pagar as dívidas, por outro lado, é um desejo com maior presença entre a nova classe média, reflexo principalmente da expansão do consumo, embalado pelo crédito.
Segundo o especialista em finanças pessoais Friedbert Kroeger, o endividamento atinge principalmente a nova classe média porque essa foi a faixa de renda que passou a experimentar as delícias do consumo, com a compra de eletroeletrônicos e automóveis, graças a financiamentos. Esse movimento pode ser um problema futuro, sobretudo para quem costuma "confundir" crédito com renda. "Quem incorpora o limite do cheque especial ao orçamento, por exemplo. Essa situação cria uma bola de neve de dívidas", afirma.
Sem poupança
O levantamento revela que, apesar dos planos, somente uma minoria consegue economizar para realizar seus desejos materiais. Cerca de 63% dos paranaenses não poupam um centavo sequer do que ganham por mês. O fenômeno não é exclusivo dos parananenses. De maneira geral, o brasileiro não costuma se programar financeiramente para realizar seus sonhos, segundo o economista Christian Luiz da Silva, professor da UTFPR. "A própria pesquisa mostra que os objetivos dos entrevistados não são congruentes. A pessoa quer comprar a casa própria, mas está endividada e acredita que um emprego melhor pode resolver o problema. Ela quer ter, mas não quer se esforçar para isso. Então, coloca suas fichas no aumento da renda, que é, no fim das contas, algo sobre o que ela tem menos controle", afirma.
A sondagem também mostra que os que economizam, economizam pouco. A maioria poupa cerca de 10% da renda. O principal objetivo ainda é ter uma reserva financeira para alguma emergência. Em seguida vem a opção comprar um imóvel ou reformar e construir a própria casa.
Um erro comum, segundo o especialista em finanças pessoais Friedbert Kroeger, é poupar sem objetivo definido. "Quem poupa em geral para alguma emergência perde motivação no meio do caminho. Além disso, é preciso colocar referências do desejo, como uma fotografia, por exemplo, na carteira. É preciso lembrar do que se deseja para manter o foco."
A sondagem também perguntou aos entrevistados quanto eles acreditariam precisar ganhar a mais para realizar seus sonhos. A maioria afirma que precisaria ter um salário 50% maior. Para os especialistas, trata-se de um mito. "A questão é menos quanto se ganha e mais como se gasta, como se planejam as despesas", afirma Kroeger. "Há pessoas de menor renda que conseguem ter uma poupança superior à das classes de maior poder aquisitivo. A questão é a capacidade de planejar, característica mais comum na população de países desenvolvidos do que no Brasil", diz Silva, da UTPFR.
Para o objetivo se tornar realidade, a dica é acrescentar disciplina ao sonho. "Quando se tem um aumento do salário, não se deve mudar os hábitos, e sim elevar o padrão de vida apenas parcialmente", orienta Friedbert Kroeger. "Estabelecer prazos e metas e saber que não se concretiza nada sem sacrifícios."
Colaborou Francielle Ciconetto
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