A Apple sempre foi o azarão da indústria de tecnologia. Muitas vezes ela foi maltratada por concorrentes maiores e mais bem sucedidos, como a Microsoft e a Dell. Agora, cada vez mais, a companhia tem sido vista como alguém que ameaça e intimida seus adversários. Companhias como Google e Adobe a acusaram de usar de força bruta para excluir do iPhone e do iPad tecnologias criadas por elas. E alguns desenvolvedores de aplicativos estão incomodados com o rígido controle da Apple sobre esses dispositivos, mesmo que muitos deles tenham levantado fortunas com esses aparelhos.
Essas mudanças de comportamento são uma prova concreta de uma notável revolução na empresa, orquestrada por Steven Paul Jobs, que retornou à Apple mais de uma década atrás, quando a companhia estava à beira da extinção. Mas as mudanças também colocaram a companhia em um papel inesperado e perigoso, à medida que seus competidores começam a cooperar entre si para combater uma Apple poderosa.
A busca obsessiva da Apple pela inovação não é uma novidade. A empresa sempre tem se esforçado por quebrar os padrões da indústria de tecnologia à sua maneira, mesmo que para isso tenha de se encrespar com alguém. A Apple irritou os fornecedores e confundiu os críticos, por exemplo, quando escolheu usar disquetes de 3,5 polegadas em lugar dos de 5,25, nos anos 80. Ou, mais tarde, quando decidiu não usar disquete nenhum. Nesta época em que a empresa deixou de ocupar um nicho no mercado para tornar-se líder do segmento que mais cresce na indústria a computação móvel , suas ações têm mais consequências, e as reclamações se transformam em indignação. "Muita gente costuma dizer A Apple está louca, ela está cometendo um grande erro", diz Paul Saffo, um veterano analista do Vale do Silício. "Agora são essas pessoas que estão dizendo que a Apple está tentando matar a concorrência."