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Futuro

O retorno da previdência privada

O contador Jackson Santos: da poupança para a previdência, pensando na segurança dos herdeiros | Aniele Nascimento/ Gazeta do Povo
O contador Jackson Santos: da poupança para a previdência, pensando na segurança dos herdeiros (Foto: Aniele Nascimento/ Gazeta do Povo)

A captação dos fundos de previdência privada voltou a crescer neste ano, após um tombo em 2010. Até o início de dezembro, o acumulado nas captações ficou em R$ 20,4 bilhões, segundo dados da Associação Nacional de Entida­des dos Mercados Financei­ro e de Capitais (Anbima). Em 2010, o re­­sul­­tado apresentou uma queda de 18,1% em comparação com 2009, quando foram captados R$ 23,4 bilhões – o melhor saldo dos últimos cinco anos.

Mesmo com a diminuição de captação no ano passado, os estoques de investimento estão no azul no fechamento dos últimos cinco anos, com apenas três meses em que as retiradas superaram as aplicações.

Há duas possíveis explicações para a queda em 2010: o impacto da bolsa de valores sobre os investimentos ou o endividamento das famílias. "Em 2009 houve uma recuperação da bolsa de valores, após a crise de 2008. Isso valorizou as aplicações, o que não aconteceu com tanta força em 2010. Há o fato de que as famílias poderiam estar mais endividadas e, por planejamento, cortaram os investimentos", analisa Ricardo Humberto Rocha, professor do laboratório de finanças da FIA.

Uma das razões que motivaram o brasileiro a investir mais nessa modalidade seria a previdência paga pelo INSS. O consultor em previdência social pública e privada Renato Follador cita como exemplo a queda drástica do teto do benefício, que em 1970 correspondia a 20 salários mínimos e hoje é de 6,7 salários – a partir de janeiro, com o aumento do mínimo, o limite será de 6,3 salários.

"As pessoas começam a olhar para o lado e veem um parente recebendo muito pouco e começam a mudar de pensamento para não se encontrar na mesma situação no futuro. Com a estabilidade no emprego é possível realizar esse planejamento", analisa Follador.

Há outros pontos que atraem as pessoas a essa forma de investimento, como o benefício tributário (veja box). É o caso de Jackson Santos, ge­­­ren­­te contábil do Grupo Noster. Além da tributação, as facilidades com inventário e o investimento para o futuro são razões que levaram Santos, há dez anos, a pensar na previdência privada. "No início aplicava na poupança, mas, como sou contador, me interessei pela parte tributária do investimento. Além disso, caso eu venha a falecer, posso dar segurança financeira aos beneficiários até que o inventário saia", pondera.

Para o professor da FIA, a previdência deixou de ser alternativa de investimento apenas por causa dos impostos. Uma das razões citadas por Rocha é a mudança de postura dos bancos. "Hou­­ve redução de taxas de administração, o que tornou a previdência privada mais acessível. Aliada a isso tem a preocupação do brasileiro, que começa a cada vez mais dar importância ao planejamento", ressalta Rocha.

A previdência privada cria um círculo virtuoso na economia do país, de acordo com o professor da Pós-Graduação em Administração de Empresas do Isae/FGV, Osvaldo Malta Callegari. Com mais recursos disponíveis, os bancos têm uma sobra para reinvestir. "Eles vão buscar investimentos seguros, porque precisarão do recurso mais para frente. Essa injeção de capital traz benefícios para o país, que conta com mais recursos para investimento", diz.

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