Curitiba O software livre já foi considerado uma espécie de contracultura no mundo da informática. Hoje, pode-se dizer que ele já está integrado ao "sistema" representado, durante muito tempo, pela Microsoft e por seu presidente Bill Gates. Estimativas conservadoras dão conta de que os softwares e hardwares que rodam esse tipo de programa somam US$ 40 bilhões. Além disso, o Linux o sistema operacional livre mais popular do mundo alcançou o status de principal concorrente do Microsoft Windows nos ambientes corporativos e governamentais.
Para entender como se deu essa transformação, é preciso voltar os olhos para os anos 80. Naquela década, Richard Stallman, um jovem programador do Laboratório de Inteligência Artificial do Massachusetts Institute of Technology (MIT), nos Estados Unidos, começou a trabalhar em uma versão do sistema Unix. Batizado de GNU, o programa de Stallman passou a ser distribuído gratuitamente. Em 1985, o cientista resolveu publicar o Manifesto GNU, no qual incentivava outros programadores a estudar e alterar o código-fonte de seu software. Nascia então o conceito de software livre ou, mais precisamente, o programa de código aberto (ou "open source").
Foram necessários 6 anos para que um estudante da Finlândia, Linus Torvalds, desenhasse o primeiro "kernel" (espécie de coração do sistema, que controla as principais funções de um microcomputador) bem-sucedido e baseado no código do GNU. Tal sistema operacional, que começou a ser chamado de Linux em homenagem a seu criador, atraiu uma legião de programadores interessados em aperfeiçoá-lo. A popularização da internet serviu como combustível para esse trabalho colaborativo. Paralelamente, a rede mundial de computadores gerou uma espécie de seita, que prega os benefícios do software livre e um suposto caráter maligno do estilo de negócios da Microsoft, que mantém os códigos-fonte de seus programas em segredo e é a única responsável pelas atualizações de seus softwares, como o Internet Explorer, a suíte Office e o próprio Windows.
Na semana passada, Porto Alegre sediou a 7.ª edição do Fórum Internacional Software Livre (Fisl 7.0) e durante 4 dias tornou-se a capital mundial dos seguidores de Richard Stallman e Linus Torvalds. Bastavam alguns minutos de observação da feira para perceber que os adeptos do "open source" deixaram de lado o estilo romântico e até meio "hippie" de fazer negócios e decidiram encarar e partir para a briga na economia de mercado capitalista.
Apoio
Gigantes como IBM, Sun Microsystems e Google são grandes apoiadoras do movimento. Essas companhias são exemplos bem acabados de que é possível ganhar dinheiro no planeta do código aberto desde que seus serviços pagos sejam suficientemente atraentes para usuários ou anunciantes. De fato, houve avanços incríveis na última década, com o navegador Mozilla Firefox, a suíte de aplicativos OpenOffice e o próprio Linux tornando-se opções seguras e confiáveis aos seus adversários de código fechado. E o melhor de tudo: são gratuitos ou bem mais baratos do que os programas patenteados, também chamados de softwares proprietários.
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