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Obama durante discurso em Nova Iorque: ataque diante de plateia que incluía banqueiros | Jim Young/Reuters
Obama durante discurso em Nova Iorque: ataque diante de plateia que incluía banqueiros| Foto: Jim Young/Reuters

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, jogou ontem seu peso político contra Wall Street pa­­ra tentar forçar o Congresso a aprovar uma profunda reforma no sistema financeiro. Citando diretamente "batalhões de lobistas de bancos" e seus "furiosos esforços" pa­­ra tentar barrar as mudanças, Obama incitou os banqueiros a "abandonar a disputa" contra as reformas.Para o presidente, os banqueiros "falharam em suas responsabilidades" e foram os responsáveis pela crise financeira global recente. "As únicas pessoas que temem o escrutínio e a transparência que nós estamos propondo são justamente as que não conseguirão passar por esse mesmo escrutínio", disse. O pronunciamento de Oba­ma foi feito perante cerca de 700 pessoas em Nova Iorque, entre elas os principais banqueiros de Wall Street.

Em Washington, o diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, reforçou a carga contra os bancos ao dizer que "chegou a hora de reformar o sistema financeiro mundial". Além das mudanças nas regras e na supervisão sobre os bancos, o FMI também está propondo que o sistema financeiro seja taxado para contribuir em um fundo, equivalente a entre 2% e 4% do Produto Interno Bruto (PIB) de cada país.

Os recursos seriam usados para compensar governos que eventualmente venham a ter prejuízos caso o sistema financeiro tenha de ser socorrido, como em 2008 e 2009. Os países-membros do G20 (grupo das 20 maiores economias) devem tentar fechar questão sobre o tema em uma próxima reunião, em junho.

Para Obama, "o modo como o sistema financeiro opera hoje levou a uma série de resgates maciços e de alto custo para os contribuintes". "O voto pró-reforma é um voto para acabar com os socorros financiados pelos contribuintes. Essa é a verdade. Ponto final", disse Obama.

Lobby

Nesta semana, mais de 1,5 mil lobistas e funcionários de bancos fizeram uma romaria ao Congresso dos EUA para tentar reduzir a força das medidas propostas pelo governo Obama. Muitos desses lobistas de bancos vêm sendo convidados pelos próprios partidos Republicano e Democrata. Alguns dos "convites" para encontros com parlamentares custam milhares de dólares.

Um deles, enviado a bancos de Wall Street por um senador do Texas, o republicano John Cornyn, dizia: "Trata-se de uma oportunidade única para ter acesso de qualidade a congressistas republicanos em pequenas reuniões". O preço do "acesso": US$ 10 mil.

Ofensiva

A ofensiva de Obama ocorreu dias depois de a SEC (a CVM dos EUA) ter aberto uma ação contra o banco Goldman Sachs por ter causado prejuízos de US$ 1 bilhão a investidores em vários países. Três dos mais graduados funcionários do Goldman estavam na plateia do discurso de Obama, assim como representantes de bancos socorridos pelo governo na crise, como Citigroup e Bank of America.

Entre as mudanças propostas, estão a criação de uma agência de proteção aos consumidores, limitação ao tamanho de alguns bancos e ao risco que eles podem assumir, limites ao pagamento de bônus e a criação de câmaras de compensação para registros de operações com derivativos.

No FMI, Strauss-Kahn defendeu que essas reformas sejam implementadas coordenadamente em todo o mundo. "Temos visto pressões políticas em vários países para que os governos ajam e implementem essas mudanças rapidamente. O risco disso, que em alguns casos já se materializa, é que diferentes par­­­tes do mundo acabarão tendo diferentes medidas. E o conjunto po­­de se tornar inconsistente", disse.

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