O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, pediu "paciência" ao povo norte-americano para que as medidas adotadas contra a crise econômica gerem efeito. Segundo ele, "essa crise não surgiu da noite para o dia, e também levará tempo para que saiamos dela".
Em discurso proferido antes de uma entrevista coletiva na noite desta terça-feira (24), Obama, no entanto, ressaltou que já vê "sinais de progresso" na situação econômica. "Implantamos uma estratégia ampla para atacar essa crise em todas as frentes. E estamos começando a ver sinais de progresso", disse. Ele defendeu o orçamento de US$ 3,6 trilhões apresentado por seu governo e disse que sua aprovação é vital para recuperar a economia.
"Vamos nos recuperar dessa recessão, mas levará tempo e precisamos ter paciência", completou. Após pronunciar o discurso, Obama respondeu a perguntas de jornalistas.
Obama afirmou que ele não acredita que o governo americano deva pedir aos cidadãos que façam sacrifícios maiores do que os que já são impostos pela crise. "Pessoas estão se sacrificando em toda parte...por todo lugar, estão fazendo ajustes, grandes e pequenos", disse, respondendo a uma repórter.
Questionamentos
No total, Obama respondeu a 13 perguntas feitas pelos jornalistas presentes. Destas, oito foram sobre economia, três sobre política externa e uma sobre a criação de um comitê para investigar a o governo Bush. No entanto, nenhuma das questões tocou no assunto do envolvimento americano no Iraque e no Afeganistão.
Enre as questões internacionais, ele estimou que o novo governo de Israel não tornará "mais simples" a paz com os palestinos, mas reafirmou seu compromisso de tentar acabar com o conflito na região, que já dura mais de 60 anos.
Respondendo a um questionamento feito na área econômica, Obama disse que "não acredita na necessidade" de uma nova moeda de reserva mundial para substituir o dólar, como propôs nesta terça o Banco Central da China.
O líder americano afirmou ainda que o dólar é "extraordinariamente forte", e destacou que os investidores consideram os Estados Unidos como "a economia mais forte do mundo, e com o sistema político mais estável".
Bônus da AIG
Obama também falou sobre os bônus pagos pela seguradora AIG, se dizendo "tão zangado quanto qualquer pessoa" com os benefícios pagos a executivos após a empresa receber US$ 180 bilhões em ajuda do governo para não ir à falência. Ainda assim, ele fez um alerta, dizendo que "nós não podemos demonizar todo investidor ou empreendedor que queira ter lucro".
Ao responder aos jornalistas, Obama justificou a necessidade de o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) e de o Departamento do Tesouro terem mais autoridade para intervir em empresas financeiras.
Segundo disse, as autoridades podem atualmente assumir a gestão de um banco, mas não de uma seguradora como a AIG, o que resultou em situações "sem controle". "Temos que poder assumir o controle de qualquer entidade suscetível de pôr em risco a estabilidade do sistema financeiro", afirmou o presidente.
Obama disse ainda que, embora vá "tomar medidas para ter certeza que os bancos terão dinheiro para operar", também será cauteloso para que essas resoluções "não façam a economia cair de novo em uma bolha".
Orçamento
Durante seu discurso, o presidente dos EUA argumentou que a aprovação do orçamento de US$ 3,6 trilhões apresentado pelo governo americano é vital para assegurar a reativação da atividade econômica.
"O orçamento que enviei ao Congresso sustentará a recuperação de nossa economia sobre alicerces mais sólidos, de modo que não teremos que enfrentar outra crise como esta em 10 ou 20 anos", disse.
Obama também rebateu as críticas que sofreu de republicanos devido ao orçamento. Respondendo a um repórter, disse que suspeita que "alguns republicanos tenham uma memória curta. Porquê, pelo que eu me lembro, eu herdei deles um déficit anual de US$ 1,3 trilhão".
Segundo ele esse orçamento criará empregos para desenvolver um programa de energia limpa, promovendo uma força de trabalho altamente qualificada e um sistema de saúde acessível. "É por isso que esse orçamento é inseparável da recuperação, porque estabelece os fundamentos de uma prosperidade segura e duradoura", afirmou.
Estratégia
O discurso feito nesta noite, na Casa Branca, é a etapa final de uma longa ofensiva oficial para dirimir as dúvidas relativas a seu plano de recuperação econômica e responder aos ataques da opinião pública por causa do escândalo dos bônus milionários concedidos pela seguradora AIG.
Nesse sentido, Obama já foi entrevistado em "The Tonight Show" e "60 Minutes".
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