Brasil alerta para onda de protecionismo
O chefe da delegação brasileira na Organização Mundial do Comércio (OMC), embaixador Roberto Azevêdo, afirmou que o Brasil está analisando uma a uma as medidas protecionistas que foram adotadas por causa da crise econômica e não hesitará em recorrer ao organismo para tentar derrubar as novas barreiras que distorcem o mercado internacional. Azevêdo deu este recado em um discurso que fez durante reunião com representantes dos países-membros da OMC em Genebra, na Suíça. A posição brasileira foi similar à de outros 14 países, entre os quais Coreia do Sul, Tailândia, Turquia, Noruega, Chile e Colômbia. Os europeus, por sua vez, explicaram que as medidas têm por objetivo promover a retomada do crescimento de suas economias. Em seu discurso, Azevêdo não fez referência a uma ou outra medida. Indiretamente, porém, a mensagem se dirigia ao "Buy American" cláusula protecionista que está incluída no pacote do presidente norte-americano Barack Obama e ao abuso na concessão de financiamentos por países da União Europeia, como a França.
Ataque engasgado
O governo americano tenta um ataque duplo à crise, mas o gatilho ainda está mascando. De um lado, o anúncio do plano de reestruturação do mercado financeiro preparado pelo secretário do Tesouro foi adiado para hoje. Barack Obama subiu o tom ontem e atacou o "atraso sem fim e a paralisia" do Congresso em aprovar o pacote. Essas três primeiras semanas foram decepcionantes.
Washington - No melhor estilo populista que havia abandonado desde o fim da corrida à Casa Branca, o presidente Barack Obama saiu ontem às ruas para reativar a pressão de seu eleitorado a favor da aprovação de seu plano no Congresso. Fez isso recorrendo à retórica de candidato: Obama previu novo "desastre" caso seu pacote de estímulo de cerca de US$ 800 bilhões não seja aprovado, escorraçou "os que têm cinco casas" provável alusão ao ex-rival John McCain, que lidera a resistência republicana ao plano no Senado e até prometeu beber cerveja com um comentarista que o critica. O pacote está previsto para ser votado pelos senadores norte-americanos ainda hoje.
No meio dos discursos, Obama passou a mensagem: "Vocês não nos mandaram a Washington porque esperavam mais do mesmo. Vocês nos mandaram com um mandato por mudança e a expectativa de que nós agiríamos rápida e corajosamente para cumpri-lo, e é isso exatamente que eu pretendo fazer como presidente dos EUA", acrescentando que a "paralisia" dos congressistas "só vai aprofundar o desastre".
O palco era Elkhart, no estado de Indiana, que viu o índice de desemprego saltar de 4,7% em dezembro de 2007 para 15,3% em dezembro último, o maior do país. Às 23 h de ontem (horário de Brasília), Obama iniciaria a primeira entrevista coletiva desde a posse fazendo mais pressão sobre o Senado e a oposição republicana.
O democrata encara a semana populista escorado por dois fatos: o desemprego recorde e seu índice de popularidade, que continua no topo apesar dos primeiros percalços de seu governo.
Adiamentos
O democrata reiterou inúmeras vezes a urgência da aprovação do plano de estímulo econômico. O pacote deveria ter sido aprovado na quarta-feira passada, mas foi adiado várias vezes por causa do impasse entre os parlamentares. Na sexta-feira, o Senado chegou a um acordo, que agora ficou em torno US$ 780 bilhões, após longas negociações entre democratas e republicanos. O valor é bem menor que os mais de US$ 920 bilhões previstos no último dia 28, e também mais baixo que os US$ 819 bilhões iniciais. O plano evitará, segundo Obama, a perda de 3 a 4 milhões de empregos.
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