O Brasil tem conseguido melhorar o nível de emprego da população nos últimos anos, mas não para todo mundo. Os jovens têm três vezes mais riscos de ficarem desempregados no País do que um adulto, mostra a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que divulga, nesta terça-feira, 22, em um evento em Brasília, um extenso relatório sobre o emprego entre os jovens brasileiros, o primeiro do tipo para mercados emergentes e com conclusões não muito animadoras.
A principal recomendação da OCDE para melhorar o desemprego entre os jovens é aumentar o investimento em educação, além de buscar medidas para estimular, seja por meio de redução de custos, a contratação das pessoas mais novas. O documento, de 184 páginas, destaca que em 2012 um quarto das pessoas com idade para trabalhar no Brasil tinha entre 15 e 24 anos. Entre os desempregados, 46% eram jovens.
O relatório ressalta que o Brasil tem elevado os investimentos em educação nos últimos anos, mas o nível permanece abaixo de outros países da OCDE. Argentina, Chile e México, por exemplo, investem mais que a média, destaca o relatório. Em 2010, o Brasil investiu 5,6% do Produto Interno Bruto (PIB) em educação, abaixo da média de 6,3% dos países da organização, apesar de ter uma proporção de jovens dentro na população acima da maioria dos países do grupo.
A recente decisão da presidente Dilma Rousseff de alocar parte dos royalties do petróleo em educação é elogiada no documento e vai permitir que o Brasil aumente o porcentual do PIB investido em educação. Mas "esforços adicionais" precisam ser feitos, alerta a OCDE, como melhorar a qualidade do ensino básico e garantir que os investimentos em educação sejam gastos de forma eficaz.
Regiões e raçaO mercado de trabalho para os jovens no Brasil é muito desigual, destaca o relatório, sobretudo entre as regiões do País e em termos raciais. A probabilidade de uma jovem negra que mora no Nordeste ficar desempregada é de 28,6%, enquanto na região Sul é de 7,6%. Além disso, o relatório conclui que a qualidade dos postos de trabalho ocupados por jovens é pior no Brasil que na média dos países da OCDE. O emprego informal, apesar da queda significativa nos últimos anos, ainda é alto e a mudança de empregos também é muito elevada para padrões internacionais, destaca o estudo.
O relatório cita ainda outros problemas do mercado de trabalho no Brasil que desencorajam a contratação de pessoas mais novas. Pelo lado da oferta, muitos jovens não têm as qualificações necessárias. Pelo lado da demanda, as empresas podem ficar desestimuladas em contratar jovens por causa dos altos custos da contratação no Brasil para padrões internacionais.
Por isso, além da melhora da educação, outra recomendação da OCDE é para que o Brasil crie condições mais favoráveis para os empregadores contratarem os mais novos, seja criando um salário mínimo para jovens ou via subsídios ou, ainda, por meio de menores taxas de contribuição para a previdência pública.
No caso da qualificação, a OCDE sugere que o governo crie mais programas para qualificar professores, estimule a permanência dos jovens nas escolas mais horas ao longo do dia e incentive o estágio profissional. Apenas 3,1% dos estudantes do ensino secundário fazem estágio no Brasil, destaca o documento. Além disso, a OCDE diz que o governo brasileiro precisa assegurar que o programa Bolsa Família não desestimule o emprego entre seus beneficiários.
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