São Paulo A Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) previu ontem que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil crescerá 4,4% em 2007 e 4,5% em 2008. A elevação da previsão se deveu ao crescimento tanto da demanda interna quanto das exportações, no ano passado, o que a OCDE afirma que terá continuidade.
Os números indicam reajustes em relação às previsões que a OCDE tinha apresentado em seu relatório anterior, de dezembro.
Os autores do estudo atual calculam que o PIB brasileiro aumentou 3,7% em 2006, e não 3,1%, como tinham afirmado há seis meses. "As vendas a varejo e os outros indicadores permitem acreditar que a forte expansão continuará no primeiro semestre de 2007", destacam. Há seis meses, a OCDE previu que o crescimento brasileiro seria de 3,8% em 2007 e de 4% em 2008.
Apesar das perspectivas otimistas, a organização lembrou ao Brasil que seu principal risco é a economia interna e recomenda ao governo que não se deixe impressionar por um contexto internacional propício e não descuide da agilidade orçamentária.
Na semana passada, a OCDE anunciou o convite para que o Brasil e mais quatro países China, Índia, Indonésia e África do Sul "reforcem" suas relações com a organização para uma possível adesão. O convite formal de adesão ao Brasil, no entanto, não foi realizado.
As chaves da expansão, no plano interno, são a alta do consumo doméstico graças à melhora do mercado de trabalho, com uma alta regular da taxa de atividade e "uma ligeira queda" do desemprego com o rápido ritmo de desenvolvimento do crédito ao consumo.
Segundo a OCDE, que dedica um capítulo às grandes economias emergentes nos relatórios semestrais de conjuntura, a balança externa brasileira continuará "sólida", e isso apesar de a progressão mais rápida das importações.
O grupo admite que o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), anunciado em janeiro, contribuirá para o crescimento econômico graças ao aumento do investimento em infra-estrutura e a redução tributária em alguns setores. Mas alerta que esse "estímulo orçamentário" poderia também arrefecer a redução das taxas de juros, e deveria ainda ser completado com "medidas estruturais para assegurar uma melhora duradoura do potencial de crescimento da economia".
O grupo acredita que medidas complementares são essenciais, "principalmente, uma reforma da previdência", para conter o aumento do gasto público corrente.