O polo brasileiro da produção de maquinário para usinas de cana-de-açúcar, no interior de São Paulo, sofre com os escassos investimentos do setor sucroalcooleiro e está demitindo, segundo o presidente da associação que representa as indústrias de base. "Nossas indústrias estão com ociosidade na média de 40 por cento. Você imagina que tem indústria que tem acima de 50 por cento de sua capacidade ociosa. Está produzindo pela metade, ou menos. Isso acarreta demissões", disse Adézio Marques, presidente do Centro Nacional das Indústrias do Setor Sucroenergético (CeiseBr).
Marques falou à Reuters durante o lançamento da Fenasucro, uma das mais importantes feiras do setor de açúcar e etanol, em Sertãozinho, cidade cercada por canaviais e que concentra boa parte das indústrias que produzem o maquinário para as usinas do país.
O executivo estima que seria preciso abrir cerca de dez novas usinas por ano para que o Brasil conseguisse atender à demanda por etanol projetada pelo governo federal até 2020, com investimentos da ordem de 3 bilhões de reais por ano. Mas desde 2010 isso não ocorre.
"Está zerado", disse ele referindo-se às encomendas para novas usinas. A falta de investimentos é decorrência das margens apertadas das empresas, principalmente por conta do fraco desempenho das vendas de etanol, que estão em queda em função da maior competitividade da gasolina na maior parte do país.
O etanol é negociado abaixo do custo de produção na maioria dos casos, segundo especialistas, que dizem que a política de preços do governo para a gasolina, que praticamente não altera o valor do combustível na bomba há vários anos, afeta a competitividade do biocombustível.
Segundo ele, 3 mil postos de trabalho foram fechados nas indústrias da região de Sertãozinho no primeiro semestre. No início de 2012, o setor empregava cerca de 35 mil pessoas. As indústrias apostam em ações do governo federal para incentivar o etanol, o que levaria as usinas a investir na compra de maquinário.
