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TecnoloGIA

Óculos de realidade virtual da Microsoft trazem hologramas sem enjoos

 | MICHAEL NELSON/EFE
(Foto: MICHAEL NELSON/EFE)

Fazendo coro com quem diz que o segmento tecnológico deste ano é a realidade virtual, a Microsoft anunciou na semana passada, durante sua conferência anual Build, o começo da distribuição de seus óculos HoloLens, de computação holográfica, junto com ferramentas para programadores.

Por enquanto, só desenvolvedores podem adquirir dispositivo, com a condição de participar do programa Windows Insider e desembolsar um valor simbólico de US$ 3.000 (cerca de R$ 10,6 mil). O lançamento para usuários ainda não foi tornado público.

A evolução do aparelho em relação a junho do ano passado, quando a companhia também permitiu que jornalistas experimentassem o HoloLens especificamente para games, é significativa, mas não sem que sejam feitas ressalvas.

A área de visão, ainda que tenha sido expandida, continua frustrantemente pequena, principalmente se levado em consideração o preço astronômico dos óculos.

Apesar de a Microsoft dizer que a vida da bateria é de duas a três horas, os funcionários diligentemente reconectavam o aparelho ao cabo carregador a cada intervalo de experimentação, de cerca de cinco minutos.

Tampouco é confortável “vestir” o HoloLens durante muito tempo, por mais que sua construção tenha um acabamento claramente de alta qualidade e bem planejado. A título de comparação, o aparelho pesa 579 g, mais que os 470 g do Oculus Rift (feito pelo Facebook, e que também peca na ergonomia); que um fone de ouvido grande feito pela Beats (empresa da Apple) e seus 260 g; e que os cerca de 40g do diminuto Google Glass.

Por outro lado, há aspectos do HoloLens dignos de elogios. A sensação de enjoo é praticamente inexistente, assim como (quase) todo risco envolvido em circunscrever seu campo de visão com um mundo virtual. Isso justamente porque a pequena “tela holográfica” criada pelo aparelho é pensada para interagir com o ambiente, ou seja, o usuário precisa ver também a circunvizinhança. A Microsoft categoriza o dispositivo como de “realidade mista”, em contraposição ao conceito de realidade virtual.

Um exemplo dessa interação arredor x hologramas é o navegador embutido. É possível redimensionar a janela do browser -que permite visitar qualquer site da web- e ampliá-la para o tamanho de uma parede.

Em seguida, o usuário pode “jogar”, usando gestos, a visualização para essa parede. O dispositivo usa as câmeras embutidas para escanear o cômodo e detecta suas superfícies, que se tornam potenciais “palcos” para os objetos holográficos.

Os comandos são feitos com as mãos, com sinais de “pinça” e de “florecer” (abrindo a mão com a palma apontada para cima).

O aparelho também é capaz de interpretar instruções com a voz e transmite áudio com minúsculos e alto-falantes, muito competentes na sua função de dar noção espacial a sons.

Além de bem-acabado, o aparelho é dotado do visual menos estranho entre os óculos de realidade aumentada ou virtual atuais, provavelmente, salvo pelo Google Glass. A armação, ainda que muito mais parruda que óculos comuns, é suave ao toque; e as lentes lembram um visor de ciclismo de pista ou motociclismo.

Na demonstração, foi possível interagir com uma holografia que lembrava uma estrutura espacial que poderia ter sido tirada de uma série de videogame como “Starcraft”. Ao ser “clicada”, expandia e expunha uma esfera cintilante.

A parte interessante da experimentação era a interação, tanto entre esse objeto e o usuário quanto entre usuários diferentes: depois de escolher um personagem, cada um podia tentar “derrotar” o próximo atirando uma pelota eletrificada. Não é como jogar “Minecraft” ou “Halo”, mas a empresa já mostrou que isso é possível.

Os funcionários presentes também ensinaram como modificar parâmetros do objeto usando software dedicado à elaboração dos projetos holográficos: escolher como ele se comportava ao ser tocado, seu visual e a maneira de adaptação ao ambiente.

A companhia lançou ferramentas como o HoloStudio, que permite aos desenvolvedores donos do HoloLens criar apps holográficos.

O HoloLens tem conectividade USB, wi-fi e bluetooth. É compatível, a menos a princípio, só com o sistema Windows.

Aplicação

Apesar de ter provado a capacidade de entreter o usuário com o HoloLens, a Microsoft aposta que o sistema tenha mais futuro como um aparelho de educação e corporativo.

Entre parceiros anunciados que usarão os óculos, estão a agência espacial americana, NASA; a montadora sueca Volvo; a empresa de software Autodesk; a universidade Case Western Reserve University, situada em Cleveland (EUA).

Durante a conferência Build, foi demonstrada uma aula de anatomia para alunos de medicina da citada universidade. Segundo a reitora da instituição, a tecnologia poupa “horas e horas” em um laboratório tradicional com cadáveres.

Em um uso mais simples, com o software de videochamadas Skype, um usuário do HoloLens poderia ter acesso a assistência remota para, em um dos exemplos citados pela companhia, arrumar um problema elétrico predial.

Um sistema semelhante ao HoloLens criado pela fabricante de câmeras japonesa Canon é empregada pela Embraer para ajudar no processo de desenvolvimento de suas aeronaves.

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